26/01/2021 às 11h48min - Atualizada em 26/01/2021 às 11h48min

Pandemia e Democracia

As pessoas mudam seus valores em um contexto de crise?

Paulo Tamer

Paulo Tamer

Paulo Tamer é consultor de segurança, advogado e delegado aposentado com mais de 30 anos de experiência, além de colunista da sua área de atuação.

Paulo Tamer - Colunista Belém.com.br
A pandemia aprofunda desigualdades já existentes. (Foto: Ed Reed Mayoral/Photography Office)
      
A pandemia oferece a oportunidade única para refletir sobre os valores morais das pessoas em tempo de crise. É um cenário de incerteza que levanta várias questões importantes: As pessoas mudam seus valores em um contexto de crise?

A pandemia aprofunda desigualdades já existentes. Muitos receberam auxílio emergencial patrocinados pelos governos federal e estadual, entretanto muitos perderam seus empregos por redução de quadro ou mesmo por fechamento da empresa que trabalhavam.

Medidas de isolamento social estimulam um forte esquema o controle social e proporcionam o monitoramento da movimentação das pessoas.

A democracia oferece condições que nenhum governo autoritário é capaz de operacionalizar com facilidade, como atitudes espontâneas de solidariedade entre cidadãos, assim como a mobilização de toda uma rede de organizações sociais independentes, dirigidas precisamente para auxiliar segmentos da sociedade que não dispõe de condições para se resguardarem de uma crise sanitária.

Entretanto, mesmo sem monitoramento por celular ou outras medidas invasivas à privacidade, a sensação de controle estatal, normalmente mais suave em regimes democráticos, aumenta consideravelmente, ainda sob condições que, pelo bem comum, sejam justificadas.

Esta pandemia também vem corroendo a harmonia entre os poderes da república democrática brasileira, assim como ocorreu em outros países entre governos estaduais, como exemplo na Itália, onde alguns governadores solicitaram a presença do exército para impor a quarentena.

Porém, muitas das medidas que em uma situação normal seriam consideradas arbitrárias são necessárias para conter o avanço da crise sanitária. Entretanto, é necessário se fazer vigilante para que não extrapolem e se tornem instrumentos pessoais de poder.

Em tempos de calamidade pública, como a que estamos passando, os regimes democráticos têm a legitimidade popular para tomar decisões drásticas pelo bem do coletivo, porém não se deve perder a preocupação com os abusos para que não se abram corredores de contextos autoritários que perdurem muito além da pandemia.
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