10/12/2019 às 15h01min - Atualizada em 10/12/2019 às 15h01min

O que leva você a ficar decepcionado com o futebol?

O portal Belém ouviu torcedores e especialistas sobre o episódio no Mineirão

Andreza Gomes
Jornalista do belem.com.br
Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro
   
O técnico em informática, Carlos Mendes Pimenta, 38, é torcedor do Cruzeiro, Flamengo e Clube do Remo. Ele ficou decepcionado com a atuação do time Mineiro e principalmente o comportamento da torcida do Cruzeiro no último domingo, 08, no estádio do Mineirão.

“Eu assisti pela tv, um time entregue, sem vontade, mas a culpa não é dos jogadores, a culpa é de quem administra. Um clube não pode ser tratado dessa forma, na minha opinião não era nem para os torcedores terem ido para o estádio", pontua.

Sobre o comportamento dos torcedores do Cruzeiro que depredaram o estádio Mineirão, Pimenta é enfático. “Infelizmente não são torcedores, são vândalos. Pra mim torcedor tem que ter o espírito de vencedor e perdedor”, comenta.

Carlos Pimenta tem um filho de 07 anos, Lucas, que sempre incentiva a gostar de futebol. “Eu sempre ia ao estádio, mas ultimamente não tenho ido justamente por causa da violência”, conclui.
 
O jornalista esportivo, Victor Barra, 23, afirma que o time do Cruzeiro nunca havia sido rebaixado na história do Campeonato Brasileiro. “O Cruzeiro deixou o grupo seleto de clubes que nunca foram rebaixados para a segunda divisão, composto agora somente por Flamengo, Santos e São Paulo. O que a torcida cruzeirense vivenciou no domingo foi algo inédito. Todo rebaixamento tem nome e sobrenome. Neste caso, existem muitos nomes e sobrenomes, desde dirigentes a jogadores”, comenta.

Victor Barra afirma ainda que o time mineiro tem uma dívida de mais de 700 milhões de reais. “A conta chegou para o Cruzeiro em 2019, resultado de uma dívida astronômica. Ano que vem terá uma receita inferior na Série B e precisará de um bom planejamento para retornar a elite do Brasileirão. O Brasil todo viu aquelas cenas lamentáveis no Mineirão, cenas estas que devem render punição bruta e perda de mando de campo”, finaliza.

Comportamento - O psicólogo Alberto Martins, que atua no programa de Teoria e Pesquisa do Comportamento da UFPa, avalia que o episódio no estádio do Mineirão não é um fato isolado, ao contrário cada vez mais cresce a violência nos campos de futebol. “Nos deparamos com um grande número de torcedores ou mesmo simpatizantes que tendem a emitir comportamentos cada vez mais violentos no insucesso dos seus clubes e agremiações”, explica.

E isso se deve a quê? O torcedor perde a noção quando dá a devida importância para seu time e esquece de priorizar a si próprio, explicou Gamalier. “Este limite se deve a quê. Ele se dá quando aquele sujeito começa a viver em prol do clube, muitas pessoas deixam sua vida e vivem a vida do clube”.

Alberto Martins afirma não queremos marginalizar o futebol e torcidas. “O futebol assim como outros esportes é uma fonte de lazer e diversão, que precisa ser resgatado como um espaço familiar, capaz de unir várias classes para assistir um espetáculo. O Brasil respira futebol, que tem uma função social na sociedade brasileira”, finaliza.

Um exemplo de torcedora fiel e apaixonada pelo seu time, o Clube do Remo é a universitária do curso de arquitetura, Aryane Gondim,25, que desde os 16 anos assiste e acompanha a trajetória do seu time. “Eu morava em Terra Santa, e quando vim para Belém em 2009, comecei a participar dos jogos do Remo. Como mulher, sempre achei prejudicial o medo criado diante das partidas. No decorrer dos anos aprendi a me proteger da realidade da violência nos estádios”, explica a sócio-torcedora do Clube do Remo.
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