13/12/2019 às 11h17min - Atualizada em 13/12/2019 às 11h17min

Homens se reúnem para discutir masculinidade tóxica

Projeto do IFPA tem fomentado debates sobre diversos temas polêmicos e importantes na atualidade

Rosa Borges
Jornalista do belem.com.br
Os debates visam despertar a consciência crítica no meio estudantil e na sociedade como um todo, já que a participação é aberta (Foto: Eliseu Dias)
  
A masculinidade tóxica foi o tema de um debate nesta quinta-feira (12), na sede do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), em Belém, promovido pelo projeto Conscientiza, que existe desde 2016 e iniciou-se como um projeto piloto no campus de Tucuruí. O objetivo é fomentar debates democráticos, sempre com muito sucesso, levando os estudantes ao fortalecimento do pensamento crítico.
 
Desde o ano passado, os encontros acontecem no auditório do campus Belém, como um projeto institucionalizado, e trazem sempre questões polêmicas, que visam despertar a consciência crítica no meio estudantil e na sociedade como um todo, já que a participação é aberta.
 
O projeto conta ainda com a produção de vídeos disponibilizados em um canal do Youtube, com roteiro, produção, gravação e edição por conta dos alunos do IFPA.
 
O coordenador do projeto, professor Fábio Estumano, esclarece que o Conscientiza IFPA tem uma importância fundamental para a sociedade, como projeto de extensão. "Fazer as pessoas refletirem sobre temas polêmicos, como temos realizado, têm impactos profundos na formação de nossos jovens", avaliou.
 
"Fizemos uma lista de temas que poderiam ser abordados nos debates, de acordo com o momento vivido pela nossa sociedade. Alguns são definidos a partir de notícias, fatos que acontecem no nosso dia a dia e acabam nos motivando a fazer essas escolhas", informou Estumano. Segundo ele, feminismo, fake news, discursos de ódio na internet já foram temas das discussões.
 
A escolha da masculinidade tóxica surgiu por ser um assunto que ainda carece de esclarecimentos. "Entendemos que esse é um tema que merece mais reflexão e o escolhemos levando em consideração o objetivo do projeto, que é de aumentar a criticidade dos nossos alunos e da comunidade em geral", concluiu Estumano. 
 
O estudante Roberto Franco, que cursa licenciatura em Geografia, diz que costuma participar dos debates, pois segundo ele, sempre trazem temas de interesse a toda sociedade.
 
"Os debates realizados têm trazido temas pertinentes para todas as idades e esse sobre a masculinidade tóxica é uma temática que nos interessa. Nós vivemos numa cultura em que o homem assume o papel de que ele tudo pode, e não é bem assim. Precisamos ver o outro lado, que todos têm vez em nossa sociedade. São debates que nos levam a uma ampla reflexão", apontou.
 
Debatedores

Haroldo Miranda, doutor em ciências sociais e professor do IFPA, esteve na mesa dos debatedores. Para ele, a masculinidade tóxica deve ser analisa a partir de três dimensões: violência simbólica, condição precária e dimensão do silenciamento. "Nossa reflexão passa por esses três aspectos que se baseiam nos estudos das minorias", pontuou.
 
O doutor em antropologia social e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Ramon Reis, ilustrou sua exposição com os resultados obtidos em sua pesquisa de mestrado, realizada junto ao público frequentador de duas boates gays de Belém, no período de 2010 a 2012.
 
Ramon expôs alguns depoimentos de entrevistados de sua pesquisa e seus comportamentos diante da sociedade. "Falar de masculinidade tóxica é falar de respeito e dignidade. A pesquisa serviu para entender de que maneira eles se firmavam e mostrar as desigualdades dentro das relações sociais", afirmou.
 
O terceiro debatedor, Glauber Cavalcante, advogado e especialista do trabalho, se reportou ao tema nas relações empregatícias, que ele classifica de extremamente conservadoras e maléficas às mulheres.
 
"É um mal que prejudica as mulheres e as impede de crescer, reforçando as disparidades no mundo do trabalho. Ainda hoje mulheres ganham 20% menos que os homens", citou.

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