Cabanagem é tema de roda de conversa em Belém
Evento acontece a partir das 15 horas desta sexta-feira (17), no Centro de Memória da Amazônia
Centro de Memória da Amazônia
17/01/2020 12h00 - Atualizado em 17/01/2020 às 12h00
Museu do Estado do Pará em ação que, neste ano, lembrou os 185 anos do início do movimento da Cabanagem (Foto: Bruno Cecim/Agência Pará)
A Cabanagem foi o primeiro movimento popular que chegou ao poder no Pará, em janeiro de 1835. O único que conseguiu esse feito no Brasil. A ascensão foi marcada pelo assassinato do presidente da regência portuguesa, Bernardo Lobo de Sousa, na escadaria do Palácio do Governo, cujo prédio hoje abriga o Museu do Estado do Pará (MEP), onde os cabanos acampavam e se reuniam em assembleia com as roupas vermelhadas tingidas com casca de murici.
Quer saber mais? A professora doutora Eliana Ramos conduz a toda de conversa intitulada “Cartografia da tomada de Belém: Trilhas e trincheiras urbanas da rebeldia cabana-1835”, no Centro de Memória da Amazônia, em Belém, nesta sexta-feira (17), às 15 horas.
Para a professora, a população conhece muito pouco sobre o movimento cabano e a história de Belém. “O paraense tem isso. Ele não conhece a história das ruas por onde ele pisa, e isso é uma falha muito grande nossa”, lamenta.
“Belém era muito protegida. Além do Forte do Castelo e do motim de São Pedro, havia a Fortaleza da Barra (no bairro do Reduto) e o trem de guerra que guardava o paiol, armas e munições (onde é o conjunto dos mercedários). O fato dos cabanos terem dominado essas fortalezas e o Palácio do Governo, símbolo instituído do poder imperial, mostra que eles tinham muita clareza do aspecto político da revolução”, destaca.
A Cabanagem foi reprimida sob forte ataque militar liderado pelo presidente nomeado pelo Império, Francisco José de Souza Soares de Andrea, que, com o apoio de tropas europeias compostas por mercenários, assumiu o poder em abril de 1836, depondo o cabano Eduardo Angelim.
Mesmo sem comandar a província, os cabanos permaneceram na luta. O império usou o poderio militar para sufocar a revolta e promoveu um extermínio em massa da população paraense até o ano de 1840. Estima-se que cerca de 40% dela tenham morrido no conflito.
Hoje o líder da legalidade e o líder cabano, Francisco José de Andrea e Eduardo Angelim, respectivamente, convivem lado a lado na parede do MEP.
O Centro de Memória da Amazônia fica na travessa Rui Barbosa, 491, entre Ó de Almeida e Manoel Barata.
FONTE: Com edição do belem.com.br