28/05/2020 às 20h00min - Atualizada em 28/05/2020 às 20h00min

Arte indígena no Brasil é destaque em simpósio virtual

O tema será abordado por Lucia Hussak van Velthem, pesquisadora do Museu Goeldi, durante a palestra de encerramento no evento promovido pelo Museu Paranaense

Erika Morhy/MPEG
Com edição do belem.com.br
No evento, Lucia Hussask apresentará um histórico das principais pesquisas já desenvolvidas sobre artes indígenas no Brasil (Foto: Rodolfo Oliveira/ Agência Pará)
             
Com a densidade da trajetória de 45 anos como pesquisadora no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), a antropóloga Lucia Hussak van Velthem oferece oportunidade ímpar aos interessados em conhecer um pouco mais sobre a valiosa diversidade sociocultural do maior país da América Latina. “Artes dos povos indígenas no Brasil” é o tema da palestra de encerramento que ela profere, nesta sexta-feira (29), às 18h, no I Simpósio Virtual “Arte indígena em comunicação: diálogos entre saberes tradicionais, estética e sustentabilidade”.

O evento é promovido gratuitamente pelo Museu Paranaense e pode ser acompanhado online, pela conta @museuparanaense do Instagram, modalidade que se tornou recorrente diante da urgência do isolamento social demandado pela pandemia da Covid-19.

Desde o dia 25, quando iniciou o simpósio, diferentes comunidades indígenas, pesquisadores e instituições têm colaborado com palestras, vídeos e transmissões ao vivo, no intuito de valorizar o sentido de comunidade entre si e criar eco entre as memórias, o cotidiano nas aldeias, as coleções de arte indígena e as instituições culturais da América do Sul.

Museóloga de formação, Lucia Hussak iniciou sua carreira na segunda instituição científica mais antiga do Brasil e a primeira da Amazônia, criada em 1866, e que se tornou referência nacional e internacional nos estudos em ciências naturais e humanas sobre região mais biodiversa do planeta.

Ela se dedicou a compreender os povos Wayana e Aparai, do Norte do Pará, e a bela obra “Livro da arte gráfica Wayana e Aparai” é um dos frutos deste trabalho. Além deles, estão os Baré, no Noroeste do Amazonas, e os pequenos agricultores, no Acre.

Neste caminho, que lhe proporcionou, entre outras coisas, as titulações acadêmicas de Mestrado e Doutorado, teve a orientação da Professora Emérita da Universidade de São Paulo (USP) Lux Boelitz Vidal, uma das precursoras da Etnoestética no Brasil e responsável por conduzir toda uma geração de antropólogos no país. É uma herança que Lucia Hussak honra como professora do Programa de Pós-graduação em Diversidade Sociocultural do MPEG.

Sua atuação tem se dado, especialmente, no campo da arte, estética e cosmologia indígenas; da cultura material; das coleções etnográficas; e da curadoria de exposições. Uma das coleções do Museu Goeldi, a coleção etnográfica conta com 15 mil peças. Em entrevista para o Blog Scielo em perspectiva. Humanas. a antropóloga e curadora da coleção explica que “as garantias de salvaguarda das coleções do Museu Goeldi se apoiam em protocolos de conservação e acondicionamento oriundos de práticas museológicas.

As coleções etnográficas, embora antigas, estão bem preservadas. Há objetos cuja coleta data de 1902, caso de itens da coleção de Frei Gil de Vila Nova, que esteve entre os Kayapó – Iraã Mrayre; e a da de Theodor Koch-Grünberg, de 1905. Também contribui para a preservação do acervo, o trabalho de documentação que inclui identificação, registro fotográfico, fichas individuais em catálogo, publicações, artigos, livros, bases de dados, páginas da web”.

Uma pequena mostra dessas peças já estão sendo disponibilizadas no site Amazonian Museum Network, uma iniciativa conjunta do MPEG, Musée des Culture Guyanaises (Guiana Francesa) e Museu Stichting Surinaams (Suriname). A rede de museus oferece conteúdos sobre o que têm em comum sobre os povos da região.

Vanguarda – Lucia Hussak faz uma distinção neste processo, que também inclui a coordenação da Comunicação e Extensão. Ressalta uma das medidas muito discutidas nos espaços museais, que é a curadoria compartilhada com os indígenas tanto na reserva técnica - que seria uma sorte de espaço da invisibilidade, como ela indica - quanto nas exposições, visível por definição.

“Como conciliar práticas e protocolos que são, de certa forma, bastante ortodoxos, dos técnicos de museus com as práticas dos povos indígenas? Alguns avanços foram feitos, porque é um diálogo extremamente complexo. Um deles é a acessibilidade, que os povos indígenas saibam em que museus têm essas peças. Outros povos consideram que os museus, sim, guardam para eles, para quando quiserem voltar a se apropriar. Essa curadoria compartilhada, posso dizer com certo orgulho, o Museu Goeldi está na frente de outros museus”, explica a antropóloga.

No evento promovido pelo Museu Paranaense, Lucia Hussask apresentará um histórico das principais pesquisas já desenvolvidas sobre artes indígenas no Brasil, com a análise de diferentes conceitos que buscam englobar e destacar a diversidade cultural.

Serviço | Palestra “Artes dos povos indígenas no Brasil”
Data: 29 (sexta), às 18h
I Simpósio Virtual “Arte indígena em comunicação: diálogos entre saberes tradicionais, estética e sustentabilidade”: de 25 a 29 de maio
Acesso: Instagram @museuparanaense

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