20/11/2020 às 09h05min - Atualizada em 20/11/2020 às 09h05min
Conheça 6 livros para refletir sobre a negritude no Brasil
Autores trazem relatos e estudos sobre a população negra brasileira
Da redação do Belém.com.br
O Pará é a unidade da federação com maior número de pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas no Brasil. (Foto: Reprodução)
Falecido há 325 anos, Zumbi de Palmares foi um dos primeiros ícones da resistência negra no Brasil. No entanto, menos de 15% das cidades do país celebram este dia. Belém, capital do estado com aproximadamente 1 milhão de negros, não é uma delas.
O Pará é a unidade da federação com maior número de pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas no Brasil, segundo estudo de 2013 feito pelo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção e Igualdade Racial. Trata-se de 76,7% da população negra, segundo o mapa da Secretaria da Igualdade Racial e do IBGE.
Apesar desta população representar a maior parte do povo brasileiro, sua história ainda não é valorizada como deveria. A ampliação desse diálogo nas escolas, no sistema educacional e no debate público, é urgente.
"Uma das formas de iniciar essa reflexão é através da literatura, que nos traz obras marcantes para a compreensão da história e do contexto atual da população negra. Buscar e disseminar esse conhecimento é um ato de resistência e de transformação social", aponta Paulo Sérgio Gonçalves, Coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Estácio.
Por isso, o docente, que também é Doutorando em Literaturas Africanas, indica seis livros para ler que vão ampliar sua consciência sobre a situação da negritude no Brasil, indo além do dia 20 de novembro.
1 - O Genocídio do Negro Brasileiro, de Abdias Nascimento
O autor foi uma das mais destacadas vozes na luta pelos direitos dos negros no Brasil. Natural de Franca, no interior de São Paulo, Abdias (1914-2011), fundou o Teatro Experimental do Negro e teve uma carreira brilhante na academia. Também atuou como ator, poeta, escritor, artista plástico e na política foi Deputado Federal de 1983 a 1987 e Senador da República, de 1997 a 1999 pelo PDT. O livro desmascara o mito da Democracia Racial por meio de artigos apresentados em um congresso na Nigéria.
2 - Tornar-se negro, de Neusa Santos Souza
A psiquiatra e psicanalista Neusa Santos Souza escreve esta obra sobre a questão racial no Brasil onde nos apresenta um estudo teórico, com relatos de sua vivência, a respeito da vida emocional do negro em nosso país. A obra trata de questões tais como a auto rejeição do negro nos sentimentos de inferioridade e nas convenções de beleza exterior. Uma obra valiosíssima.
3 - Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil, organizado por Mariana Mazzini Marcondes, Luana Pinheiro, Cristina Queiroz, Ana Carolina Querino e Danielle Valverde
Valiosa obra que traz artigos que tratam da condição de vida da mulher negra no Brasil, em um projeto idealizado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). É possível ter acesso à obra na internet de forma gratuita.
4 - A integração do negro na sociedade de classes, de Florestan Fernandes
Livro publicado pela primeira vez em 1964. A obra é a tese de Doutorado de Florestan e é considerada a tese mais famosa já defendida na USP. O livro traz uma abordagem que representa uma virada histórica na imagem que o Brasil apresentava de si próprio, ou seja, aqui Florestan discute a democracia racial como um mito construído através dos tempos. É um marco da Sociologia no Brasil.
5 - Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda
Livro publicado no ano de 1936, é uma importante obra para se conhecer o processo de formação da sociedade brasileira. Sérgio nos fala sobre o legado colonialista que se mostra como um obstáculo para o estabelecimento da democracia em nosso país.
6 - O Mito da democracia racial – um debate marxista sobre raça, classe, de Wilson Honório da Silva
Livro composto de arquivos que combatem a perspectiva da democracia racial no Brasil, tese na qual diz que não há racismo no Brasil.