22/11/2020 às 14h00min - Atualizada em 22/11/2020 às 14h00min
Isolamento social: aumento de consumo alcoólico é prejudicial à saúde
Pesquisa aponta que 18% dos brasileiros aumentaram o consumo de álcool
Assessoria da instituição
Com edição do Belém.com.br
Desde o início da pandemia, houve um crescimento de 38% nas vendas de bebidas alcoólicas.(Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
Pesquisa de comportamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que 18% da população brasileira aumentou seu nível de consumo de álcool, chegando ao patamar da ingestão diária. O dado se comprova através do levantamento feito pela Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), que divulgou, recentemente, crescimento de 38% nas vendas de bebidas alcoólicas desde o início da pandemia.
A médica Natasha Vilanova, endocrinologista do Hapvida, demonstra preocupação. "A ingestão excessiva de álcool é inimiga do nosso sistema imunológico, principalmente em tempos de pandemia, quando a imunidade deve ser estimulada ao máximo. Além disso, a pessoa alcoolizada fica mais exposta ao novo coronavírus por acabar negligenciando as medidas de distanciamento e de proteção pessoal, se o consumo for em espaços públicos".
A especialista afirma que, mesmo com tantos meses de isolamento social, ainda é um período curto para realizar um diagnóstico de alcoolismo. A dependência envolve vários fatores, mas pode abrir precedentes, dependendo da condição de cada pessoa, por isso é tão importante estar em dia com exames médicos e observando o próprio comportamento e o de pessoas próximas, quanto aos riscos do consumo excessivo de álcool.
Existe uma escala chamada AUDIT, uma sigla em inglês que significa 'Teste de Identificação de Distúrbios por Uso de Álcool', com base nos dados de um estudo colaborativo multinacional da Oorganização Mundial da Saúde, que se tornou um instrumento de rastreamento do álcool, desde sua publicação, em 1989.
Fique atento às zonas de classificação
ZONA I: pessoas que se localizam na zona I geralmente fazem uso de baixo risco de álcool ou são abstêmias. De uma forma geral, são pessoas que bebem menos de duas doses-padrão por dia ou que não ultrapassam a quantidade de cinco doses-padrão em uma única ocasião. A intervenção adequada nesse nível é a educação em saúde para que haja a manutenção do padrão de uso atual.
ZONA II: pessoas que pontuam nesta zona são consideradas usuários de risco. São pessoas que fazem uso acima de duas doses-padrão todos os dias ou mais de cinco doses-padrão numa única ocasião, porém não apresentam nenhum problema decorrente disso. A intervenção adequada nesse nível é a orientação básica sobre o uso de baixo risco e sobre os possíveis riscos orgânicos, psicológicos ou sociais que o usuário pode apresentar se mantiver esse padrão de uso.
ZONA III: nesta zona de risco estão os usuários com padrão de uso nocivo – ou seja, pessoas que consomem álcool em quantidade e frequência acima dos padrões de baixo risco e já apresentam problemas decorrentes do uso de álcool. Por outro lado, essas pessoas não apresentam a quantidade de sintomas necessários para o diagnóstico de dependência. A intervenção adequada nesse nível é a utilização da técnica de intervenção breve e monitoramento.
ZONA IV: pessoas que se encontram neste nível apresentam grande chance de ter um diagnóstico de dependência. É preciso fazer uma avaliação mais cuidadosa e, caso seja confirmado o diagnóstico, motivar o usuário a procurar atendimento especializado para acompanhamento e encaminhá-lo ao serviço adequado.