Quatro em cada dez alunos da educação básica na rede pública de ensino correm risco de abandonar a escola por causa da pandemia do novo coronavírus. Isso é o que mostrou um estudo do Datafolha feito com pais e responsáveis de estudantes da rede pública.
A pesquisa quantitativa foi realizada entre os dias 22 de abril e 21 de maio de 2021, por meio de abordagem telefônica, com responsáveis por crianças e adolescentes com idades entre 6 e 18 anos da rede pública, em todas as regiões do país.
Desmotivação
Segundo a pesquisa, o percentual de estudantes que não estão motivados com as aulas, que não estão evoluindo nos estudos ou que manifestaram a possibilidade de desistir da escola cresceu este ano, passando de 26% em maio de 2020 para 40% em maio de 2021.
Entre os estudantes negros, 43% manifestaram o desejo de abandonar a escola. Entre os brancos, o percentual foi de 35%.
O número também é maior para aqueles estudantes de famílias com renda mensal de até um salário-mínimo (48%) e para os que vivem em áreas rurais (51%). O risco cresce também entre os estudantes que vivem no Nordeste: 50% dos estudantes dessa região manifestaram falta de motivação ou intenção de deixar a escola. Na região Sul, isso corresponde a 31%.
Impacto
A pesquisa demonstrou ainda o impacto da pandemia na alfabetização das crianças. Dos, 88% dos estudantes matriculados no 1º, 2 º e 3 º ano do ensino fundamental, que estão em processo de alfabetização, mais da metade (51%) ficou no mesmo estágio de aprendizado, ou seja, não aprendeu nada de novo (29%), ou desaprendeu o que já sabia (22%).
Entre os brancos, 57% teriam aprendido coisas novas durante a pandemia, segundo a percepção dos responsáveis. Entre os negros, no entanto, esse índice cai para 41%.
Aula presencial
Segundo o estudo, apenas 24% dos estudantes tiveram as escolas reabertas para aulas presenciais. Dos que tiveram a escola reaberta, 40% dos estudantes não retornaram para a aula presencial.
No retorno às escolas, 63% dos estudantes estão sendo avaliados para identificar as suas dificuldades, mas só 29% estão recebendo aulas de reforço.