28/10/2019 às 14h33min - Atualizada em 28/10/2019 às 14h33min

Recírio reúne mais de 50 mil pessoas em Belém

Procissão é a última e a mais curta da quadra nazarena

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Selma Amaral
O Recírio é o momento mais difícil para os romeiros, pois é a hora da despedida da imagem peregrina de Nazaré (Foto: Eliseu Dias/portal Belém)

Lágrimas nos olhos, terços nas mãos, imagens de Nossa Senhora, lenços brancos e muitos outros elementos da fé católica foram levados pelos fiéis na procissão do Recírio, a última das 12 romarias que compõem a festividade em louvor a Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará. O Recírio, realizado nesta segunda-feira (28) pela manhã, é o momento mais difícil para os romeiros, pois é a hora da despedida da imagem peregrina, da “Santinha”, da “Virgem de Nazaré”, da “Mãezinha”, que ficará no Colégio Gentil Bittencourt até o Círio de 2020. A programação do Recírio abriu com uma missa na Praça Santuário, celebrada pelo Bispo da Prelazia do Marajó, Dom Luiz Ascona. Mais de 50 mil pessoas, segundo estimativas do Dieese-PA, compareceram ao evento. Segundo o padre Luiz Carlos Gonçalves, reitor da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, a missão em realizar a maior festa católica do mundo foi cumprida com louvor e devoção a Nossa Senhora.

A procissão do Recírio encerrou as festividades da chamada quadra Nazarena, que este ano celebrou 227 anos de tradição sob o tema “Maria, Mãe da Igreja”, além de 300 anos de evangelização na Amazônia realizados pela Arquidiocese de Belém. A missa foi realizada às 6h30. Na homília, Dom Luiz Ascona convocou os fiéis católicos a participarem das evangelizações e de levar adiante a tradição da igreja. “Somos a igreja católica, una e santa e devemos seguir com esse sentimento de renovação, de carisma e amor a Nossa Senhora e ao seu filho Jesus Cristo”, disse o religioso. A Praça Santuário estava lotada. A procissão do Recírio reúne grande número de pessoas idosas, cadeirantes e muitas famílias. O clima ameno das primeiras horas da manhã colabora para deixar o ambiente silencioso e de muita tranquilidade.

A procissão do Recírio durou menos de uma hora. O percurso de apenas 700 metros, entre a Praça Santuário e o Colégio Gentil Bittencourt, ajuda na fluidez da romaria, que não registrou incidentes. A imagem de Nossa Senhora de Nazaré foi conduzida num andor ornamentado com flores na tonalidade verde e branco, deixando bem à mostra a beleza do manto e o rosto de Nossa Senhora. Para os fiéis, ver a imagem tão de pertinho é emocionante. A aposentada Isabel dos Anjos, 84 anos, acompanhou a passagem da procissão em frente à basílica. A idosa estava acompanhada da filha Adelaide de Assis e o genro Ricardo Jucá, que é guarda de Nazaré. “O Círio e o Recírio são excelentes. Só temos que agradecer a passagem de momentos de trabalho, espiritualidade e fé em Nossa Senhora”, disse Jucá.

O jovem estudante universitário Luiz Urbano também era só gratidão. Ele acompanhou o Recírio com uma imagem de Nossa Senhora usando um manto luxuoso confeccionado pelo próprio devoto. “Eu estou agradecendo Nossa Senhora e pedindo muito pela saúde da minha família. E que em 2020, nós possamos estar juntos novamente. Eu amo o Círio e Nossa Senhora, estou muito emocionado e já com saudades dessa festa maravilhosa”, disse.

Muita gente também aproveitou o Recírio para celebrar a conquista de mais um ano trabalhando em prol da festividade. Um grupo animado da Pastoral da Acolhida fazia muita festa na Praça Santuário. Foram mais de 15 dias trabalhando na Casa de Plácido, local de chegada dos romeiros que vêm do interior do Estado. Segundo Elisabeth Pontes, o trabalho é realizado com muito carinho e que Nossa Senhora ajuda e dá condições para que todas estejam no plantão. “Temos que conciliar nossos horários entre o trabalho voluntário e a família, mas tudo vale a pena”, disseram. A Pastoral da Acolhida reúne voluntários católicos, evangélicos e espíritas entre outros. “Nosso grupo é ecumênico, trabalhamos em prol dos nossos irmãos romeiros”, destacou Nazaré Botelho. Esse ano, os romeiros de Baião foram os que precisaram de maior atenção, devido à distância da caminhada. “Eles passaram oito dias da estrada, mas chegaram aqui e foram muito bem acolhidos”, completou a voluntária.


A despedida de Nossa Senhora também levou o casal Danúzia de Souza e Venâncio Almeida à procissão do Recírio. Eles acompanharam a passagem da imagem peregrina para pedir saúde e prosperidade à família. “Estamos muito felizes em estar aqui e pedir por graças e saúde a Nossa Senhora”, disseram. O vendedor ambulante Davi Ferreira, aproveitou o Recírio para fazer promoção das camisas da festa. “Temos que vender porque o Círio é temático e ano que vem ninguém quer comprar, todo mundo gosta de roupa nova pro Círio”, disse o vendedor, que este ano, conseguiu vender mais de mil camisas do Círio, o que deu uma folga no orçamento. “Toda minha família vendeu. Somos muito gratos a Nossa Senhora pelas graças e bênçãos. Eu consegui terminar meu ensino médio e tenho certeza que Nossa Senhora me ajudou muito, porque não é fácil. Eu chegava a dormir no banco da escola, mas graças a Deus terminei meu curso”, disse.

A procissão de Recírio foi rápida e marcada com muita emoção, devoção e alegria. Ao chegar ao Colégio Gentil, onde uma pequena multidão aguardava, a imagem foi recebida com cantos e aplausos. O bispo Bernardino Marchió, de Caruaru, Pernambuco, foi quem ergueu a imagem e deu a bênção final. Em 2020, a Diretoria da Festa de Nazaré será conduzida pelo advogado Albano Martins e terá o tema – “Ave Maria, Cheia de Graça”, escolhido pelo Arcebispo de Belém, Dom Alberto Teixeira Corrêa.
 

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