05/11/2021 às 12h14min - Atualizada em 05/11/2021 às 12h14min

Cinema brasileiro: a história de como tudo começou

Das primeiras décadas aos dias de hoje

Fernando Matos

Fernando Matos

Fernando Matos é ator, autor, diretor teatral e professor. Sua paixão por teatro surgiu desde a infância.

Fernando Matos
Com informações da Agência Câmara Notícias
Afonso Segreto fez a primeira filmagem em território nacional. (Foto: Reprodução/Dia dos Curiosos)

 

Algumas pessoas preferem a data 5 de novembro para celebrar o aniversário da primeira exibição pública de cinema no país. Porém, o Dia do Cinema Brasileiro também pode ser comemorado anualmente em 19 de junho, em homenagem à sétima arte produzida no Brasil.

 

Justamente nesta data foi feita a primeira filmagem em território nacional, pelo ítalo-brasileiro, Afonso Segreto, cinegrafista e diretor, precursor desta arte no país, que fez imagens em movimento da entrada da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, a bordo do navio francês, Brésil, em 1898.

 

Em 1907, foi inaugurado o Cinematographo Parisiense, um local adaptado onde funciona, atualmente, o Teatro Glauber Rocha, na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Em 1909, foi inaugurado o primeiro cinema brasileiro, o Cine Soberano, hoje Cine Íris, também no Rio de Janeiro.

 

Uma década após os registros dos primeiros documentários, em 1909, foram produzidos 205 filmes e, no ano seguinte, 209. Após o ano de 1911, as produções brasileiras diminuíram devido ao começo da dominação do mercado cinematográfico norte-americano.

 

As primeiras décadas

 

Durante os anos 1920 e 1930, o cinema brasileiro ganhou impulso com os chamados ciclos regionais: núcleos de produções cinematográficas em pontos distintos do País, como Recife (PE), Cataguases (MG), Belo Horizonte (MG), Taubaté (SP), Campinas (SP), Porto Alegre (RS) e Pelotas (RS). Nessa época, o Ciclo de Cataguases foi destaque com a obra-prima Ganga Bruta, produzida em 1933 por Humberto Mauro e considerada um dos melhores filmes brasileiros.

 

O ciclo de Recife produziu Aimoré da Praia, filme que contou com direção de Jota Soares e Gentil Ruiz. O filme “Acabaram-se os Otários”, de 1929, foi o primeiro sonoro do Brasil.

Nos anos 30, a introdução das chanchadas retomou a força do mercado consumidor. Os estúdios da Cinédia firmaram a fórmula que asseguraria a continuidade do Cinema Brasileiro durante quase 20 anos: a comédia musical, lançando atores como Grande Otelo, Oscarito, Dercy Gonçalves.

 

A produtora Atlântida, fundada em 1941, pretendia alavancar o desenvolvimento industrial do cinema brasileiro, tendo produzido 62 filmes. O primeiro grande sucesso da empresa foi “Moleque Tião”, (1943), de José Carlos Burle, com Grande Otelo. No fim da década 40, o sucesso trouxe uma série de novos investidores interessados em participar dos lucros da empresa.

 

Cinema Novo

 

Em meados da década de 50, começa a surgir uma estética nacional no cinema. Nessa época são produzidos “Agulha no Palheiro”, (1953), de Alex Viany, e “Rio 40 Graus”, (1955), de Nelson Pereira dos Santos. As produções começam a introduzir temáticas e linguagens nacionais e lançam o Cinema Novo. Paralelamente, destaca-se o cinema de Anselmo Duarte, premiado em Cannes, em 1962, com “O pagador de promessas”.

 

Nos anos 60, com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça", cineastas se propõem a realizar filmes menos onerosos que refletissem preocupações sociais. “Vidas Secas”, (1963), de Nelson Pereira dos Santos, é o precursor. “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, e “Os Fuzis”, de Rui Guerra, também pertencem à primeira fase, concentrada na temática rural, que aborda problemas básicos da sociedade brasileira, como a miséria no Nordeste.

 

Após o golpe de 1964, a abordagem se centraliza na classe média urbana. “Com Terra em Transe” (1967), de Glauber Rocha, o Cinema Novo buscava contornar a censura do Regime Militar. Desta fase, destaca-se, ainda, “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade.

 

Em 1969, a criação da Embrafilme, organismo estatal que financiava, produzia e distribuía filmes, trouxe de volta condições para que a produção nacional se multiplique.

 

Décadas de 70 e 80

 

A experiência cultural do Cinema Novo continua gerando frutos nos anos 70, quando, mais maduro, o cinema brasileiro estreia obras significativas, como “Dona Flor e seus dois Maridos”, de Bruno Barreto; “Pixote”, de Hector Babenco; “Toda Nudez será Castigada”, de Arnaldo Jabor; “A Dama do Lotação”, de Neville d`Almeida; e “Bye, Bye, Brasil”, de Cacá Diegues.

 

Simultaneamente, a "Boca do Lixo" paulista produz pornochanchadas com títulos chamativos e eróticos que, com poucos recursos, aproximam-se do público. Assim, o país chega, nos anos 80, ao auge do cinema comercial, produzindo até 100 filmes por ano.

 

Na década seguinte, a abertura política favorece a discussão de temas proibidos, como em “Eles não usam Black-Tie”, de Leon Hirszman, e “Pra Frente, Brasil”, de Roberto Farias, o primeiro a expor a tortura no Regime Militar.

 

Dias atuais

 

O fim da reserva de mercado para o filme brasileiro faz a produção cair quase a zero. A crise do modelo de financiamento estatal do cinema culmina na extinção da Embrafilme, em 1990. A partir de 1993, o cinema nacional começa a ressurgir na forma de uma produção limitada, mas de boa qualidade.

 

O Brasil foi premiado internacionalmente nos anos 90, tendo recebido o Urso de Ouro de Melhor Filme e Melhor Atriz, para “Central do Brasil”, de Fernanda Montenegro, em 1998. O filme “Eu Tu Eles”, de Andrucha Waddington, saiu vitorioso do Festival de Havana, em 2000, assim como a atriz Regina Casé. Nessa década, o País foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por três vezes: em 1997, por “O Quatrilho”, de Fábio Barreto; em 1998, por “O que é Isso, Companheiro?”, de Bruno Barreto; e em 1999, por “Central do Brasil”, de Walter Salles, quando a atriz Fernanda Montenegro foi indicada, ainda, melhor atriz estrangeira.

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