03/01/2023 às 11h33min - Atualizada em 03/01/2023 às 11h33min

Desmatamento na Amazônia em 2023 pode passar de 11 mil km²

Do tamanho de quase 10 cidades do Rio de Janeiro, a devastação causará ainda mais emissões de gases do efeito estufa

Imazon
Os dados são do Imazon com previsão para 2023 de acordo com o ritmo atual do desmatamento. (Foto: Imazon)
Os impactos cada vez mais evidentes das mudanças climáticas torna o combate ao desmatamento na Amazônia prioridade nacional e global. Em 2023, se o ritmo da derrubada não for interrompido, a floresta pode perder mais 11.805 km² de mata nativa, conforme estimativa da plataforma de inteligência artificial PrevisIA. Do tamanho de quase 10 cidades do Rio de Janeiro, a devastação prevista causará ainda mais emissões de gases do efeito estufa, que estão relacionados com a maior frequência e intensidade de fenômenos climáticos extremos. Entre eles estão chuvas fortes, ondas de frio e de calor e secas prolongadas.

Desenvolvida pelo Imazon em parceria com a Microsoft e o Fundo Vale, a ferramenta já mostrou uma assertividade de quase 80% na previsão de desmatamento em 2022, o que a consolida como uma tecnologia relevante para auxiliar nas ações de proteção à floresta. Para validar o quanto a PrevisIA acertou, os pesquisadores cruzaram as áreas que a plataforma previu estarem sob risco de derrubada entre agosto de 2021 e julho de 2022 com a devastação registrada pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon no mesmo período. E o resultado foi que 78,2% da destruição ocorreu em até 4 km do indicado pela plataforma.

Ou seja: em 2023, ela pode ser usada para direcionar as ações de combate ao desmatamento para as áreas sob maior ameaça e ajudar a evitar que a previsão se concretize novamente.


“Desde o lançamento da PrevisIA, em 2021, nós estamos repetindo que queremos errar a previsão, porque nosso objetivo é que essa tecnologia seja usada para evitar que o risco de derrubada vire realidade. É para isso que trabalhamos a cada ano para aprimorar a ferramenta. Em uma região tão extensa como a Amazônia Legal, poder direcionar as ações de fiscalização para os pontos sob maior risco pode torná-las mais eficazes com menor gasto público”, afirma Carlos Souza Jr., pesquisador do Imazon.

Caso se concretize, a estimativa da plataforma é que 2023 tenha o segundo maior desmatamento desde 2008, atrás apenas de 2021. Assim como o Prodes, sistema federal que monitora anualmente a derrubada na Amazônia, o cálculo de risco da PrevisIA leva em conta o chamado “calendário do desmatamento”, que vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte. 

PA, AM e MT concentram 73% do risco de desmatamento

Entre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, os mais críticos em relação ao risco de desmatamento em 2023 são os três maiores: Pará, Amazonas e Mato Grosso. Somados, eles representam 73% da área sob ameaça de derrubada em 2023 (8.582 km²), conforme a PrevisIA. Isso significa que os governos estaduais também precisarão agir para evitar que essa estimativa seja concretizada.

Em seguida está o Acre, que apesar de ser o segundo menor estado da Amazônia Legal apresentou a quarta maior área sob risco de derrubada na PrevisIA: 1.269 km². Já o quinto maior território sob ameaça fica em Rondônia, 1.094 km², estado que assim como o Acre também faz divisa com o Amazonas. No mapa da ferramenta, é possível ver que as florestas sob maior risco nesses estados estão justamente em suas divisas, onde há uma área de expansão agropecuária chamada “Amacro”.
 
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