28/03/2023 às 08h55min - Atualizada em 28/03/2023 às 08h55min

Ataques em escolas: relembre casos chocantes no Brasil e no mundo

Um ataque realizado na última segunda-feira (27) resultou na morte de uma professora de 71 anos

Com edição da Redação Belem.com.br
O Liberal
Reprodução
Quatro professoras e um aluno foram esfaqueados na manhã desta segunda-feira (27) dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, localizada na Vila Sônia, em São Paulo. Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, uma das docentes atacadas, morreu depois de ter tido uma parada cardíaca. O adolescente, de 13 anos, apontado como responsável pelo ataque, é um aluno do 8º ano. Ele foi apreendido e levado ao 34º Distrito Policial. Ainda nesta segunda-feira (27), em uma escola de Nashville, em Tennessee, nos Estados Unidos, uma mulher de 28 anos matou três crianças e três adultos. A atiradora morreu em confronto com a polícia.

Casos como esses têm chamado a atenção das autoridades sobre a segurança nas unidades de ensino. Nos últimos anos, ocorreram episódios brutais no Brasil e em outros países do mundo. Um deles chegou a ter a história relatada em uma música e um seriado de terror.

Massacre de Realengo

Wellington Menezes de Oliveira invadiu, aos 23 anos, no dia 7 de abril de 2011, a Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, no município do Rio de Janeiro. O atirador matou 12 adolescentes, com idades entre 13 e 15 anos.

Ele se apresentou como palestrante no portão da escola e entrou armado com dois revólveres. Wellington chegou a beijar a testa de uma professora de Literatura antes de cometer o massacre em uma sala da 8ª série, onde cerca de 40 alunos assistiam aula.  

Além das mortes registradas, outras 22 pessoas ficaram feridas. Os sobreviventes disseram que o atirador mirava apenas na cabeça e no corpo. Foram 62 disparos efetuados pelo assassino. Ele se matou logo após ser baleado com um tiro de fuzil na barriga.

A polícia descobriu que Wellington foi ex-aluno da Tasso da Silveira e encontraram uma carta onde dizia ter sido vítima de bullying na escola.

Massacre de Suzano

Em 13 de março de 2019, dois ex-alunos encapuzados mataram cinco alunos e duas funcionárias da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo. Os assassinos foram identificados como Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25. Seis dias depois, um adolescente foi apreendido como o “mentor intelectual” no caso.

Horas antes do ataque começar, Taucci tinha matado o tio. A dupla passou na loja “Jorginho Veículo”, perto da escola onde o ataque ocorreu. 

Antonio de Moraes, que também era proprietário do estabelecimento, chegou a ser socorrido e levado ao Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ele morreu em decorrência dos ferimentos.

Às 9H30, a dupla chegou no local do ataque. Guilherme foi o primeiro a entrar e começou atirando contra funcionários e alunos que estavam na área de recepção do colégio. Luiz efetuou mais tiros no pátio do colégio. Câmeras de segurança registram o desespero dos estudantes.

Os assassinos utilizaram coquetel molotov, arma de fogo, machado, arco e flecha, uma besta (arco e flecha na horizontal disparado por gatilho) e carregadores rápidos. Guilherme chegou a postar fotos no Facebook fazendo gestos obscenos, com um revólver e um lenço com desenho de caveira, mesmo item encontrado na cena do crime.

A investigação aponta que um dos atiradores matou o comparsa e se matou em seguida

Ataque em escola do Ceará

No dia 5 de outubro do ano passado, um adolescente de 15 anos atirou contra matou um colega do 1º ano do ensino médio e deixou outros dois feridos, na Escola Professora Carmosina Ferreira Gomes.

O adolescente responsável pelo ataque disse que levou a arma para o colégio por sofrer bullying pelas vítimas. Essa mesma motivação foi apontada no inquérito policial. A investigação não confirmou se os alunos baleados praticavam de fato o bullying contra o jovem que cometeu o ataque.

Um Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) foi quem possibilitou que o adolescente tivesse acesso a arma. Antônio Felipe de Sousa, 33 anos, foi preso no dia 19 de outubro. Ele adulto tentou vender a arma para membros de um clube de tiros de Sobral e, depois, ofereceu ao adolescente de 15 anos. 

Massacre de Columbine

Eric Harris e Dylan Klebold mataram 13 alunos e um professor e feriram mais de 21 pessoas na Columbine High School, em Columbine, no Colorado, nos Estados Unidos. O caso ocorreu no dia 20 de abril de 1999. A primeira temporada da série “American Horror Story” menciona as mortes e o terror ocorrido na biblioteca da escola. A banda “Foster The People” lançou, em 2010, a música “Pumped Up Kicks” baseada no trágico episódio em Columbine.

Eric e Dylan se mataram. O massacre chegou a criar debates sobre a legislação de armas nos país.

Massacre de Beslan

Um ataque de cerca de 30 extremistas chechenos terminou com a morte de mais de 330 pessoas, das quais 186 eram crianças, em setembro de 2004, em uma escola da cidade de Beslan, na Ossétia do Norte, uma república da Federação Russa. Os terroristas pediram o fim da Guerra da Chechênia e encheram o ginásio do colégio de explosivos.

Foram feitos mais de mil reféns, incluindo 800 crianças. As forças de segurança russas invadiram o local no terceiro dia. Na época, o governo russo foi acusado intencionalmente de usar força excessiva.  

O maior massacre a uma universidade dos Estados Unidos

O estudante Seung Hui Cho matou 32 pessoas em 16 de abril de 2007, na Universidade Estadual da Virginia, conhecida como Virginia Tech, na cidade de Blacksburg, nos EUA. Outras 15 pessoas ficaram feridas. O episódio ficou marcado como o massacre mais sangrento em uma das instituições de ensino do país.

O atirador trancou as principais portas de um dos edifícios e saiu atirando em que via na frente dele. Depois de matar as vítimas, o sul-coreano se suicidou. 

Psicóloga comenta razões que podem levar a massacres 

A psicóloga clínica Nathália Otero, especialista em avaliação psicológica e neuropsicologia, diz que há diversas maneiras para que ocorram massacres em escolas. “Desde transtornos mentais existentes, como situações estressantes, inabilidades sociais, baixa tolerância a frustrações, desvio de condutas, falta de limites e até mesmo desafios que servem como brincadeiras ‘do momento’”, disse. 

Acompanhamento da família é importante

Para ela, a família estar acompanhando a criança é essencial no progresso do filho, podendo observar certas atitudes comportamentais. A especialista aproveitou para citar o caso ocorrido na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, nesta segunda-feira (27). “A família é essencial no desenvolvimento infanto juvenil, pois assim, teremos uma comunicação direta e clara de pontos observados no comportamento que já sinalizam algum padrão disfuncional. 

Quando os pais ou a escola são sinalizados de algum comportamento não esperado, pode haver a intervenção adequada em tempo hábil para evitar consequências negativas. Como esse exemplo da morte da professora e ferimentos dos demais”, explica. 

“Escola tem responsabilidade de ter uma comunicação não violenta”, destaca psicóloga sobre o bullying

Em alguns casos de massacre, a polícia ou próprio responsável pelo ataque apontam a prática do bullying. Nathália conta que é preciso da atenção e comunicação dos responsáveis com os filhos. “Quando a criança ou o adolescente está sofrendo bullying, havendo uma comunicação não violenta na educação dele, o diálogo se torna mais acessível e leve. Podendo auxiliar essa criança ou adolescente a pedir ajuda e ser acolhido com respeito pelo adulto, sem gerar ainda mais constrangimentos.

Em contrapartida, a escola também tem a responsabilidade de ter uma comunicação não violenta para todos e auxiliadora quanto proporcionar momentos de saúde mental e esclarecer danos emocionais e psicológicos que impactam cada um com tais atitudes”, esclarece. 

“Quando há comunicação positiva e assertiva, há uma diminuição de sintomas negativos nas relações. Sejam elas no âmbito familiar, escolar e outros. Os pais, ao notarem que o filho sofre esse tipo de agressão psicológica e, às vezes até física, deve levar a escola a ter ciência disso para as devidas providências e, ao mesmo tempo, buscar auxílio psicológico para ajudar o aluno na autorregulação emocional e acolhimento.

Vejo grandes impactos nas relações escolares. Hoje tenho pacientes que sofreram bullying ocasionados por outros alunos, mas também de professores. Então fica a pergunta: até os adultos estão realmente preparados emocionalmente para assumir os cuidados com crianças e adolescentes?”, questiona a psicóloga. 

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