Uchôa Silva / NCS SeapA Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e a Prefeitura Municipal de Belém, por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), promoveram o evento de assinatura simbólica de um convênio para retomada do projeto "Plantar o Futuro". A parceria tem como objetivo proporcionar a 22 (vinte e duas) custodiadas do Centro de Reeducação Feminino (CRF) de Ananindeua, a oportunidade de trabalho com direito a remuneração de um salário mínimo vigente.
As internas do CRF atuarão na manutenção do paisagismo das vias públicas da capital paraense, além de canteiros e áreas verdes da parte central de Belém e nos Distritos Administrativos. O projeto é uma das parcerias mais antigas entre a Seap e Prefeitura de Belém, e inova ao priorizar a utilização da mão de obra de mulheres que se encontram no regime semiaberto e fechado.
Participaram do ato de assinatura do Convênio, o secretário Adjunto de Gestão Operacional da Seap, Ringo Alex Frias, o secretário Adjunto de Gestão Administrativa, Coronel Luiz André Gonçalves Maués, o Diretor de Reinserção Social da Seap, Belchior Machado, e demais representantes da Seap, juntamente com a secretária municipal de Meio Ambiente, Christiane Ferreira da Silva.
Christiane Ferreira, titular da Semma, destacou que a parceria tem como finalidade o plantio de mudas em áreas públicas, iniciando hoje pela revitalização do paisagismo da Praça da República, com o plantio de mudas e forração em todas as “golas” das árvores. De acordo com a titular da Semma, o trabalho será realizado ao longo da Avenida Nazaré, iniciando na Presidente Vargas até o término da Avenida Magalhães Barata, próximo ao Mercado de São Brás.
O município de Belém possui árvores centenárias que precisam ser preservadas pela população, e que quando não existe a “forração” destas árvores, isso propicia que as pessoas não somente descartem lixo, mas praticam alguns atos que interferem diretamente na saúde dessas árvores. A “forração” consiste em cercar o entorno das árvores com plantas ornamentais, promovendo o paisagismo. Ao mesmo tempo em que protege as raízes dos vegetais de depredação e ações de terceiros.
“Com a forração e com o compromisso de todos nós, teremos uma cidade mais bonita e preservaremos as vidas de nossas centenárias e lindas árvores. E assim seguiremos por todas as ruas do Centro Histórico”, afirmou Christiane Ferreira.
Ressocialização
A secretária evidencia que além de promover mais verde para as áreas públicas de Belém, a parceria envolve um trabalho social de grande importância, que é a ressocialização das apenadas. “É uma função de responsabilidade do Estado. É importante não somente para a educação, mas para que elas tenham a consciência da aceitação perante a sociedade, com a finalidade de voltar e não mais delinquir”.
O Diretor de Reinserção Social da Seap, Belchior Machado, entende que a parceria é fundamental naquilo que a Seap pensa hoje, a questão da reinserção social, oportunizando às internas a possibilidade de remissão de pena, de estar ajudando a sociedade como todo e no futuro, ser re-inserida na sociedade.
“Esse é um outro momento, uma virada de chave, agora incluindo as mulheres. Nós temos várias parcerias com a Prefeitura e novas virão. Nesse contato agora com a Semma, a secretaria já demonstrou interesse em ampliar esse projeto de limpeza e melhoria das praças e de fazer outros, como a aquisição de gramas para colocar nas praças, a questão dos bloquetes e é assim a questão de parceria, que é o que mais nós fazemos”, garante Machado.
O diretor de Áreas Verdes Públicas da Semma, Kayan Rossy, assegura que o trabalho desenvolvido pelas internas do CRF é muito importante. Para ele, o que elas realizam é um trabalho que deveria ser feito por todo cidadão ou cidadã da cidade, mas infelizmente nem todo mundo tem essa consciência.
O convênio com a SEAP, na avaliação de Kayan, permitirá “ampliar as pernas da prefeitura, na verdade os braços”. Isso permitirá ampliar a mão de obra no sentido de zelar pela cidade, de zelar pelo verde da cidade. “Essa consciência deveria vir de todo mundo, de preservar, de zelar, mas como não, infelizmente, a gente precisa fazer o nosso e o dos outros. Então esse trabalho delas é extremamente importante para manter a zeladoria da cidade, manter a cidade sempre, o verde sempre limpo, a cidade arborizada, a cidade sempre não só paisagisticamente bem feita, bonita, mas ambientalmente preservada também”
Oportunidade
Sônia Maria Paes Viana, de 49 anos, participa pela primeira vez do Projeto “Plantar o Futuro”, mas já participou de cursos profissionalizantes e de outros tipos de trabalho no CRF. Ela conta que vive a expectativa de deixar a unidade no final deste ano, mas sai com a satisfação de ter conseguido se profissionalizar e ter uma melhor perspectiva de vida.
“Eu estou achando muito bom, a oportunidade é muito boa. Eu trabalhava apenas na casa (penal), trabalhei na panificação, na lavanderia, jardinagem e me colocaram agora no projeto. Vai ser importante para quando eu sair definitivamente”, diz a interna.
Quem também estava feliz com a oportunidade de participar do projeto era a custodiada Cleide Souza de Oliveira, de 39 anos. Ela contou que já participou anteriormente do projeto em 2022, onde trabalhou na manutenção do Bosque Rodrigues Alves, retornando esse ano.
“A gente aprende muito com a oportunidade e se profissionaliza também, para quando sairmos termos um trabalho. É um caminho para gente mudar de vida, do que a gente vive naquele lugar, é uma experiência de vida, então agradeço muito, primeiro a Deus, segundo a direção da casa pela nova oportunidade. Em breve estarei saindo, mas continuarei trabalhando”, finalizou Cleide.
