Para marcar as comemorações dos 404 anos de fundação de Belém, o Cinema Olympia, considerado o mais antigo do Brasil, exibe logo mais às 16h30, o longa metragem “Um Dia Qualquer”, direção de Líbero Luxardo. Durante o evento haverá uma homenagem ao ator paraense Cláudio Barradas, 90, que trabalhou como ator nos quatro filmes de ficção que Luxardo dirigiu no Pará.
Um Dia Qualquer - O filme “Um Dia Qualquer”, direção do paulista Líbero Luxardo, foi lançado em Belém, em 1965, e tem 100 minutos de duração. A trama se passa durante 24 horas em uma Belém ainda provinciana. Carlos (Hélio Castro) vaga pela cidade, após a morte da esposa (Lenira Guimarães), relembrando lugares que eles frequentavam e conhecendo outros ainda ignorados, em uma relação de incompreensão e desespero, com a perda da mulher impulsionando Carlos à perda de si próprio.
A trajetória de Carlos passa pelo cemitério da Soledade, segue para a praça Batista Campos, onde ele ajuda um homem que está sendo ultrajado pelos transeuntes, porque proclama que o fim do mundo está próximo; acompanha um ‘rato d´água’ que rouba peças em prata da igreja do Carmo; passa pelo Ver-o-Peso, na véspera do dia de São João, onde a cantora lírica paraense Marina Monarcha canta uma canção de Waldemar Henrique para vender os produtos típicos da feira.
Carlos ainda passará por um terreiro de umbanda no bairro da Pedreira; relembra a aventura de uma moça da ‘sociedade paraense’ que se encanta com um turista americano e faz um strip-tease para ele, em um igarapé, às margens da estrada que leva a Mosqueiro.
O personagem principal do longa também se recorda de uma festa na antiga boate Maloca, na qual as atrações são o cantor Alípio Martins e o violonista Sebastião Tapajós, mas que também tem espaço para uma cena muito difícil para outra jovem da ‘sociedade paraense’.
O filme se encaminha para o final, em uma cena trágica, que teve, antes, o boi Malhadinho, do bairro do Guamá, em uma apresentação na praça da República.
Luxardo - Líbero Luxardo nasceu em Sorocaba (SP), em 5 de novembro de 1908, e morreu em Belém, em 2 de novembro de 1980, vítima de câncer de próstata. Ele foi diretor, produtor, roteirista, jornalista, escritor, político e professor, que fez sucesso no cinema paraense e foi um dos pioneiros do cinema na Amazônia.
No início da década de 1940, Luxardo veio para Belém, onde conheceu e trabalhou com o então governador do Estado, Magalhães Barata, produzindo documentários sobre o político. Essa relação com a política levou Líbero a se tornar deputado estadual, anos depois.
No Pará, Luxardo foi pioneiro na filmagem de cinejornais e longas com atores e técnicos paraenses. Seus filmes exaltavam a cultura do Pará, não só por meio do elenco, quase que exclusivamente paraense, como também pela trilha sonora dos filmes, que utilizava obras de compositores locais, como o maestro Waldemar Henrique e o compositor Paulo André Barata.
Os filmes de Líbero Luxardo são de extrema importância para o cinema brasileiro, uma vez que, foram os primeiros longas metragens realizados no Pará, e fazem parte do acervo do Museu da Imagem e do Som do Estado do Pará (MIS-PA), sendo o mais importante patrimônio cinematográfico do Estado. Luxardo também dirigiu os longas de ficção, pela ordem, “Marajó - Barreira do Mar”, “Um Diamante e Cinco Balas” e “Brutos Inocentes”, este, o único colorido.
Em 1986, foi inaugurado o Cine Líbero Luxardo, no térreo do prédio do Centur, em homenagem ao cineasta.
Barradas - Antes da exibição de “Um Dia Qualquer”, no domingo, haverá uma homenagem ao ator paraense Cláudio Barradas, que atuou em quatro longas metragens, sob a direção de Líbero Luxardo.
Ele é um pai de santo em “Um Dia Qualquer”; um vaqueiro falastrão em “Marajó - Barreira do Mar”; um peão em “Um Diamante e Cinco Balas”; e um padre em “Brutos Inocentes”.
Barradas tem formação de ator em teatro, e atuou em várias peças teatrais em Belém. Foi também professor em algumas escolas, como na antiga Escola Técnica Federal do Pará. Aos 13 anos, ele entrara para um seminário, mas o abandonou para ser ator. Muitos anos depois, Barradas voltou-se à religião, se consagrando padre, função na qual atua em algumas paróquias de Belém, hoje com 90 anos de idade.
Serviço: Exibição do filme “Um Dia Qualquer”, direção de Líbero Luxardo, e homenagem ao ator paraense Cláudio Barradas, programação do aniversário de 404 anos de Belém, domingo, 12, às 16h30, no Cinema Olympia (avenida Presidente Vargas). Entrada gratuita.