11/02/2020 às 19h49min - Atualizada em 11/02/2020 às 19h49min

Locutor da região sudeste relata sequestro e ameaças em Tucuruí

Ele e o filho de três anos teriam sido coagidos e mantidos em cárcere privado na casa do empresário Alexandre Siqueira

Equipe belem.com.br
O locutor Toni Fernandes, com o filho de três anos, dentro da Superintendência da Polícia em Tucuruí
     
O locutor Toni Fernandes registrou, nesta terça-feira (11), um Boletim de Ocorrência por conta de um sequestro que teria sofrido, na manhã desta segunda-feira (10), no terminal rodoviário de Breu Branco. Ele e o filho de três anos de idade teriam sido levados à força, após um homem - branco com cabelos espetados - chamá-lo de dentro de um carro para supostamente pedir uma informação. Pela tarde, Toni esteve acompanhado do seu advogado na sede da Superintendência Regional da Polícia Civil do Lago de Tucuruí.

Toni afirmou ter sido levado em um carro branco – modelo HB20 – por três homens, até uma casa localizada no bairro do Park dos Buritis, em Tucuruí, a 30 km de Breu Branco. Esse local, segundo ele, foi identificado como a residência do empresário Alexandre Siqueira, pré-candidato às eleições da cidade. Nas paredes do imóvel, Fernandes afirma ter visto diversas fotos do empresário com a família.

Ainda, conforme o locutor, nessa residência, os quatro homens o colocaram diante de uma câmera com microfone e um gravador e, ali, passaram a coagi-lo a responder uma série de perguntas previamente elaboradas, para caluniar pessoas ligadas à atual administração municipal de Tucuruí. Toni Fernandes afirma ter ficado sob o domínio dos suspeitos até por volta de 14 horas. Ele afirma que não viu arma de fogo com os suspeitos. Apenas um deles apresentava um volume por baixo da roupa, dando a entender que poderia estar armado. Conforme o locutor, seu filho, de três anos, permaneceu em poder de um dos homens, a cerca de 30 metros de distância do compartimento onde o locutor estava na casa.

Enquanto era coagido a responder as perguntas para gravação do vídeo, Fernandes afirma que se sentiu ameaçado, uma vez que seu filho ficou o tempo todo em poder dos suspeitos dentro da casa, que descreve como um imóvel de fachada branca, na frente de um posto de combustível. Na ocorrência, o locutor narra que foi coagido a relatar nomes de pessoas ligadas à administração municipal apontando-as como supostas responsáveis por montar notícias falsas contra o empresário Alexandre Siqueira e o servidor público Jairo Holanda. "Nunca trabalhei para essas pessoas. Conheço apenas uma delas, com quem tive contato há pouco tempo. Apenas isso", afirmou.

Depois de terminar as gravações, Toni afirma ter recebido ameaças de que teria que sair da cidade em um prazo de 24 horas, pois as gravações seriam disseminadas nas redes sociais da região. Alegando que não tinha mais dinheiro para retornar para sua casa, o locutor disse ter sido levado até o terminal rodoviário de Tucuruí, onde recebeu R$ 50 para comprar um lanche para o filho e a passagem de volta para casa. Foi quando ele disse ter pego um veículo tipo van. O depoimento prestado na Superintendência de Polícia Civil durou cerca de três horas. Toni foi acompanhado pelo advogado, Marco Aurélio Moura, durante o depoimento.
O advogado explica que a Polícia Civil terá até 30 dias de prazo legal previsto em Lei para investigar a denúncia registrada por Toni Fernandes. Durante as investigações, a Polícia Civil vai inquirir testemunhas e procurar provas dos fatos denunciados, com objetivos de apurar os fatos denunciados e identificar os autores do crime. O prazo do inquérito pode ser prorrogado por até mais 30 dias, caso necessária a realização de novas diligências.

Procurado pela reportagem, o delegado Rommel Souza informou que não falaria sobre as investigações. A apuração do caso será conduzida sob sigilo, pois o crime envolve uma criança de três anos. "Nesses casos, para resguardar os direitos da criança, conforme reza a legislação brasileira, as informações presentes no inquérito policial serão mantidas sob sigilo", explica o advogado Marco Aurélio.   

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