19/08/2020 às 11h00min - Atualizada em 19/08/2020 às 11h00min

Falta de água afeta rotina de moradores em Xinguara (PA)

Pastor encontra um mecanismo para ajudar os vizinhos mais próximos

Ramayana Torres / Equipe Belém
Com edição do Belém.com.br
São 250 famílias ainda aguardando água. (Foto: Alexandre Moura)
   
Preocupado com a demora na instalação do sistema de distribuição de água no bairro Frei Henri, em Xinguara, o pastor Carlos Augusto resolveu agir por conta própria. O religioso contou com a ajuda de moradores para levar água de qualidade a residências próximas, ajudando, assim, algumas famílias a garantirem esta que é uma das necessidades básicas da população.

Segundo Pr. Carlos, uma empresa privada chegou a perfurar um poço artesiano no setor, com uma profundidade de 100 metros, mas ainda não há previsão de instalação de rede para que a água chegue às casas. “Isso gerou uma revolta na população que não entendia por que tamanha demora. Foi então que algo em mim se inquietou para ajudar o máximo de pessoas que eu pudesse”, contou.

“Cheguei a comentar com um amigo que entendia mais ou menos sobre hidráulica. A minha ideia era cavar mais fundo o poço artesiano da minha residência e puxar cerca de cinquenta tubos para distribuir água na redondeza. Me disseram que seria possível e que eu precisaria de ajuda, pois o serviço não sairia barato”, revela.

Foi então que o Pr. Carlos começou um mutirão para arrecadar fundos para contratar a empresa capacitada. Em menos de um mês e com a quantia em mãos, o maior dos problemas estava resolvido. Em uma semana de trabalho, havia água para cerca de 45 famílias, atendidas com um sistema de rotatividade de consumo de água.

O mecanismo de funcionamento nada mais é do que válvulas alocadas nos canos, vindas de uma tubulação matriz que libera a água do poço para encher as caixas d’agua dessas famílias. Para que nenhum imprevisto ocorra, a casa do Pastor sempre tem um membro da família para atender o chamado dos vizinhos.

“Infelizmente, eu não tenho como ajudar a todos, então faço essa rotatividade. Conforme as pessoas vão conseguindo furar poços em suas casas, outras famílias são beneficiadas. Em um ano, já conseguimos atender 70 famílias. Hoje atendemos 43 e pretendemos ajudar cada vez mais”, informa.

O exemplo de solidariedade já despertou curiosidade em seu lar. Dos quatro filhos que tem, o pequeno Daniel com apenas seis anos já consegue identificar cada torneira e para onde essa água está indo.

Segundo moradora, no bairro são 250 famílias ainda aguardando a água. “Diante de tamanha necessidade, nós moradores sabemos que foi perfurado um poço por parte da prefeitura e ninguém concluiu a obra de distribuição da água. O jeito é aguardar nossa vez no poço do pastor. Essa situação é revoltante. Mas, ainda bem que existem pessoas que Deus coloca em nosso caminho”, desabafa Dona Antônia Souza.

Desprovido de infraestrutura

A área que antes pertencia à Associação dos Carroceiros há cerca de quatro anos foi ocupada pelas famílias. A BRK, empresa que substituiu a Odebrecht Ambiental, assumiu a concessão para implantar o sistema de abastecimento de água no município. Entretanto, de acordo com informações dos próprios moradores, o poço foi perfurado por uma empresa contratada pela prefeitura, sem nenhuma participação da BRK.

Depois de instalado o sistema, ainda não se sabe quem ficará responsável pela ampliação e manutenção do serviço no bairro. Quem acompanhou o trabalho de perfuração garante que a capacidade de água do poço não atenderá todos aos moradores.

“Só um poço não vai garantir esse serviço à nossa gente. Em tempos secos a tendência é consumir mais água que o normal. Precisamos que o poder público olhe para nós”, suplica o idoso Ribamar de 61 anos, morador há cinco anos do setor Frei Henri.

O Portal Belém tentou contato com a empresa BRK e com a Prefeitura de Xinguara, mas ainda não obtivemos retorno sobre o caso.

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