Riscos da covid-19 à vida dos Warao é intensificado pelas condições críticas da situação dos refugiados. (Foto: Altemar Alcantara.Semcom)
O Ministério Público Federal (MPF) enviou na última sexta-feira (29) uma recomendação ao governo do Pará e à prefeitura de Belém alertando sobre a necessidade de incluir os indígenas venezuelanos da etnia Warao, no plano de vacinação contra a covid-19.
O MPF estabeleceu um prazo de cinco dias para que o estado e o município atendam a recomendação. Caso não cumpram com a medida ou apresentem argumentos insuficientes para não aceitar a recomendação, o Ministério Público pode adotar medidas judiciais cabíveis.
Profissionais de saúde apontam que os riscos da covid-19 à vida dos Warao é intensificado pelas condições críticas da situação dos refugiados. Por isso, é necessário criar uma logística para que a vacinação ocorra nos locais onde os indígenas vivem ou que seja providenciado o transporte dos indígenas até os locais de vacinação.
Padrões críticos
Segundo nota técnica elaborada por profissionais de saúde, os padrões clínicos dos Warao são semelhantes aos de populações em situação de rua e carcerária, com quadros de desnutrição, alta incidência de tuberculose e alta exposição à covid-19, com capacidade limitada de proteção contra a propagação da doença mesmo em abrigos.
Na recomendação o MPF também registra que as peculiaridades socioculturais vivenciadas pelos Warao, principalmente os que se encontram em ambiente urbano, como acontece em Belém, coloca os indígenas em situação de maior vulnerabilidade em relação à transmissão do vírus, porque na maior parte do tempo vivem em grupos e compartilhando os mesmos utensílios.