22/08/2019 às 20h47min - Atualizada em 22/08/2019 às 20h47min

Curso discute a gastronomia no Brasil do século XIX

Evento vai tratar das receitas, dos tipos de prato e dos contextos sociais em que aconteciam os banquetes daquele período da história brasileira

Elck Oliveira
Sidiana Macêdo também é líder do grupo de pesquisa Alere, primeiro grupo de pesquisa da temática da história da alimentação na região Norte (Foto de arquivo pessoal)
De que o Brasil é um lugar onde se come bem, ninguém duvida. A gastronomia é, ao mesmo tempo, uma das nossa maiores riquezas e, também, um grande prazer, e isso – diga-se de passagem – não é de hoje. Ao longo da nossa história, o brasileiro sempre deu um jeitinho de se deliciar com os ingredientes e de reinventá-los, misturando sabores e jeitos de preparar a comida herdados das nossas mais variadas influências.

Pesquisadora e autora do livro “Do que se come: uma história do abastecimento e da alimentação em Belém (1850-1900)”, a historiadora e professora universitária Sidiana Macêdo está envolvida com a temática da história da alimentação há bastante tempo. Ela vai promover, no próximo dia 14 de setembro, em Belém, o curso “Os Banquetes do Imperador: Menus, Receitas e Histórias da Gastronomia do Brasil do século XIX”, destinado a pessoas interessadas no tema, sejam historiadoras ou não.

Segundo a especialista, nesse evento, os participantes vão aprender sobre as receitas,os tipos de pratos e os contextos nos quais os banquetes eram servidos, bem como os banquetes como locais que iam além da alimentação em si, mas, acima de tudo como práticas sociais e culturais.

“A gastronomia do século XIX no Brasil era uma gastronomia ‘importada’. Por vários fatores, o que imperava nas mesas da elite e da própria Corte eram sabores, menus e cardápios vindos de fora do país. Era uma fase de construção da gastronomia brasileira, em que pesavam as técnicas, chefes e receitas estrangeiras. Até fins do século XIX, essa era a realidade no país. Inclusive, os primeiros livros de receitas publicados aqui eram cópias fieis dos livros de receitas portugueses. Vale ressaltar que as carnes de caça eram parte importante da dieta, como as carnes de capivara, cotia, tatu e outras”, relata.

Para Sidiana, que é doutora em História Social da Amazônia e professora adjunta da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará do Campus de Ananindeua, estudar a alimentação é, também, uma maneira de contribuir para a própria história da nossa região, que tem na gastronomia uma das suas marcas mais fortes.

“Quando eu estava no curso de graduação em História, optei por fazer uma monografia sobre Cultura Material dos engenhos em Abaeté, e foi a partir daí, percebendo a cultura material como objeto de estudo, e, depois, ao encontrar um documento no Arquivo Público do Estado do Pará, que era uma queixa sobre vendedoras de miúdos no entorno do matadouro, em 2006, que eu pensei que podia estudar as questões em torno da comida. Comecei a ler trabalhos sobre a História da Alimentação e um mundo de sabores se abriu para mim. Fiz mestrado e doutorado e, hoje, percebo a importância da temática e suas contribuições para os estudos da historiografia regional”, completa.
 
Serviço – O curso “Os Banquetes do Imperador: Menus, Receitas e Histórias da Gastronomia do Brasil do século XIX”, acontecerá no dia 14 de setembro, das 8 às 12 e das 14 às 17h, na R. dos Tamoios 1402, esquina com a Tupinambás. Batista Campos. Mais informações pelo (91) 98509-8643.
 
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