23/08/2019 às 01h34min - Atualizada em 23/08/2019 às 01h34min

Augusto Corrêa prepara atletas paraolímpicos

Determinação e superação são características marcantes dos participantes do projeto

Portal Belém
Atletas nas Paraolimpíadas escolares em São Paulo (Crédito: Benedito Élcio).
Um projeto social mudou a vida dos deficientes físicos do município de Augusto Corrêa, nordeste paraense. O “Projeto Paraolímpico de Augusto Corrêa”, criado em 2017, pelo professor de educação física Benedito Élcio, atende alunos dos seis aos 18 anos de idade.
 
O projeto, que iniciou com 30 alunos e hoje está com 67, treina pessoas com deficiência para competirem nas paraolimpíadas. Com poucos recursos, o grupo conta com o apoio do município, que abraçou a causa e contratou Élcio para trabalhar no Centro de atendimento Educacional Especializado Marcilene Nacimento (CAEEMN), onde o projeto passou a ser desenvolvido. “Hoje esse é desenvolvido no CAEEMN, que é um Centro com vários profissionais. Uma das modalidades que desenvolvemos é o atletismo adaptado para o público com deficiência, em todas as suas versões; corrida, salto, arremesso e lançamentos”, explicou Élcio.
 
Uma das modalidades que o projeto iniciou foi a bocha, específica para alunos em cadeira de rodas. “Tenho um aluno com paralisia cerebral que tem pouca movimentação do tronco, braços e pé, mas mexe a cabeça muito bem, essa modalidade é altamente adaptada, então esse atleta vai competir usando somente a cabeça, é uma modalidade bem bacana. Às vezes, a gente olha para um cadeirante e pensa que ele não pode fazer mais nada, porque ele não tem movimentos do tronco e dos pés, mas ele movimenta a cabeça e, movimentando a cabeça, ele consegue treinar e competir”, detalhou o idealizador.
 
Vôlei sentado, especificamente para amputados ou com alguma deficiência de má formação congênita, tênis de mesa em cadeiras de rodas, voltado para usuários com amputações ou lesão modular, são algumas das muitas modalidades desenvolvidas pelo projeto que já coleciona medalhas. “Em 2017, mesmo com o projeto iniciando, a gente fez a nossa primeira Paraolimpíada Municipal e em 2018 a segunda. Participamos ano passado dos jogos Paraolímpicos Estaduais, aqui no Pará. Fomos para Marabá com sete atletas na categoria atletismo e voltamos com 12 medalhas, sendo elas cinco de ouro, cinco de prata e duas de bronze”, disse o professor.
 
O bom resultado nas competições estaduais classificou quatro alunos do projeto para a fase nacional. “Um deles foi por convocação de um projeto da Tuna, o futebol de sete, que é específico para alunos com paralisia cerebral. Esse atleta foi convocado e foi para São Paulo, eu o acompanhei. Levei um atleta na natação, modalidade que a gente conseguiu incluir na hora, uma vez que a gente não tem piscina, a gente aluga, dá um jeitinho aqui, para treinar esse atleta e ele veio de lá com bronze nos 100 metros livres”, afirmou Élcio.
 
Segundo o treinador, o projeto tem forte papel motivacional e ajuda os alunos a vencerem os preconceitos, um dos muitos desafios que enfrentam. “Ganharam motivação para estudar, para viver em sociedade. Lógico que o preconceito existe, mas eles foram mais valorizados. Os coleguinhas na sala de aula querem saber para onde eles foram; quem são eles, o que eles estão fazendo. A própria família vê essa melhora, vê que estão sendo atendidos pelo Centro, pelo município, então é um projeto de uma grandiosidade, não somente de medalhas e de conquistas pessoais, mas é uma conquista de famílias, de amigos, de crianças que vivem na zona de pobreza”, concluiu.

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