Na Amazônia, o doce balanço das redes na hora de dormir, embalar bebês e idosos, ou apenas descansar o corpo e a mente, também é ideal para acompanhar um momento prazeroso de leitura confortavelmente e com a cara do paraense. Largamente utilizada entre as populações da região, a rede – cultura dos povos indígenas – se tornou em Belém mais uma ferramenta de incentivo à leitura.
Inspirada na realidade vivenciada nas áreas de campos, águas e florestas, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec), adotou neste ano mais uma prática pedagógica que promove a interação entre a comunidade escolar e a família, por meio do mundo mágico e encantado da leitura e da escrita: o redário literário, um espaço de leitura e aprendizado já implantado na Escola Municipal de Educação do Campo (Emec) Cotijuba, iniciativa pioneira da gestão escolar, com orientação da Coordenadoria da Educação do Campo, das Águas e das Florestas (Coecaf), vinculada à Semec.
“Esta iniciativa surgiu a partir da experiência de uma escola no Oeste do Pará, quando as nossas técnicas de referência e a gestora da escola desenvolveram esse projeto inédito na rede municipal de Educação nas escolas do campo”, explica a coordenadora da Coecaf, Valéria Lopes. Para 2023, a meta é que todas as unidades do campo possam desenvolver espaços pedagógicos de acordo com as características dos alunos e suas relações com os territórios que habitam.
Leitura e acolhimento
A titular da Semec, Márcia Bittencourt, informa que o redário literário passa a integrar o projeto “A Leitura do meu Lugar” para incentivar nas crianças o gosto pela leitura de uma forma lúdica e confortável. “Para que elas se sintam na escola como se estivessem em casa, e não numa escola alheia à sua realidade ribeirinha, distante da nossa cultura amazônica”, destaca a Secretária, reforçando que “os projetos desenvolvidos na escola, com especial atenção à territorialidade dos estudantes, estão associados a um dos princípios da educação do campo, instituída nesta gestão do prefeito Edmilson Rodrigues, que vai expandir a proposta para as escolas da capital paraense”.
Segundo a diretora da Escola Cotijuba, Marina Muniz, esse “novo ambiente de leitura para as crianças da educação infantil do campo é de fundamental importância porque promove a interação e o incentivo da leitura de mundo e das palavras. É lindo ver e viver a empolgação delas (crianças), e percebemos o quanto elas se sentem à vontade com as leituras nas redes”, afirma a diretora, emocionada com esse novo cenário escolar.
A Emec Cotijuba atende 161 crianças, entre 1 e 5 anos, desde o berçário ao Jardim II. Ela fica na ilha de Cotijuba, a 45 minutos de Belém, em viagem de barco.
Educação do campo
A rede municipal de ensino possui dez escolas do campo localizadas nos distritos de Mosqueiro e Outeiro, que atendem 1.200 estudantes. A proposta é garantir uma educação integral e transformadora, baseada no reconhecimento da terra, águas, florestas e dos territórios étnico-raciais para a proteção e dignidade da vida amazônica e ações educativas de formação.
Da mesma forma que foi feito com a Educação Escolar dos Indígenas, Imigrantes e Refugiados e a Educação para as Relações Étnico-Raciais, a Prefeitura de Belém resgatou também a Educação do Campo, atendendo as demandas que foram historicamente negadas e que agora são prioridade no projeto político-pedagógico da rede municipal de ensino.