29/11/2019 às 13h30min - Atualizada em 29/11/2019 às 13h30min

Alunos e professores de escola pública se unem contra o racismo

Escola Estadual Pedro Amazonas Pedroso realizou uma série de atividades voltadas para a consciência negra durante o mês de novembro

belem.com.br
Andreza Gomes (jornalista do www.belem.com.br)
Durante o evento, um dos alunos do Pedroso apresentou um trecho do rap em que relatava a violência sofrida pelos negros (Foto: Rafael Fernando)
   
Durante o mês de novembro – período em que se celebra o Dia da Consciência Negra – os alunos da Escola Estadual Pedro Amazonas Pedroso, em Belém, realizaram atividades como produção de texto, fotografias e debateram sobre atitudes racistas que muitas vezes ocorrem dentro da própria instituição. Na manhã desta quinta-feira (28), o auditório da escola ficou lotado pelos alunos do Ensino Médio. Eles participaram da culminância do projeto, que contou com participação dos professores Amilton Barreto, Eneida Santos, Joana Carmen e o artista negro, Alan Carlos Furtado.
 
A professora de história, Ilka de Oliveira, ressalta que a atividade interdisciplinar resultou em um livro com fotografias e depoimentos dos alunos que relataram atitudes racistas sofridas por eles. “Neste trabalho buscamos mostrar arte relacionada com o mundo. Usamos a linguagem fotográfica, visual para falar de um problema atual. Convidamos pessoas comuns e professores da educação atuantes em defesa do negro”, observou.
 
O trabalho do Livro “Novembro Negro” foi resultado de um trabalho dos alunos, orientados pelas professoras de História e Sociologia, em uma parceria com o Movimento República do Lambe, que teve o fotógrafo Rafael Fernando à frente das atividades de fotografia e impressão. Para o fotógrafo, este momento foi primoroso e único por abordar um assunto tão atual.
 
Durante o evento, o aluno Bruno apresentou um trecho do rap em que relatava a violência sofrida pelos negros e citou exemplos, como o caso do jovem negro Pedro Gonzaga, morto imobilizado pelo segurança de uma rede de supermercado no Rio de Janeiro, e o da vereadora do RJ, Marielle Franco.
 
Educação – Para a professora de Língua Portuguesa, Flora Scantlebray, este momento foi histórico na instituição, pois foi possível mostrar e dialogar sobre o que é o racismo no Brasil e suas origens.
 
O pedagogo Amilton Sá Barreto é baiano e mora no Pará há 30 anos. Em sua explanação, relatou que só se descobriu negro aos 21 anos de idade. “Eu hoje tenho 59 anos, e não é fácil sobreviver com negro na sociedade brasileira. Me descobri negro aos 21 anos e a partir daí passei a lutar de forma organizada e ir para a rua enfrentar os racistas”, pontuou.
 
Hoje, Amilton Sá afirma que é o momento de repensar o processo de colonização do Brasil: “Toda uma história política com suor e sangue, está sendo destruída por um processo político e ideológico implantado no País”.
 
Vacine-se – O Centro em Defesa e Apoio do Negro (Cedenpa) também esteve presente no evento com a campanha “Vacine-se contra o racismo”, que contou com distribuição de adesivos e a realização de um trabalho de conscientização junto à classe estudantil.
 
Socorro Clemente, professora e militante do Cedenpa, acho válida a atividade realizada junto com os alunos. “Aqui nesta escola, a maioria da população escolar é negra e a campanha do Cedenpa vem divulgar a lei de Combate ao racismo, a lei 7.716. Explicamos para o aluno que racismo é crime, que se ele sofer um ato racista ele tem que denunciar. A gente vem falar do movimento que está à disposição da população”, finalizou.
 
As alunas Kaillanny Raiol e Jéssica Araújo parabenizaram a iniciativa realizada na escola. “Nós viemos ajudar voluntariamente, pois é muito importante combater o racismo que é muito comum aqui dentro da escola”, explicou Kaillany.
 

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