30/01/2024 às 08h43min - Atualizada em 26/02/2024 às 08h43min

Entrevista com Zeca Pirão

Confira a primeira de nossa série de entrevistas exclusivas com os pré-candidatos à Prefeitura de Belém

- Belém.com.br
Redação Belém.com.br

De camisa polo, calça jeans e sapato slip-on, e pontualmente às 16h, está o deputado estadual em uma padaria do Umarizal nos aguardando para a primeira de nossa série de entrevistas com pré-candidatos à prefeitura de Belém, concedidas com exclusividade ao Portal Belém. De família de classe média-alta, ele nos conta que seu início na política aconteceu de forma não-planejada, ao deixar o seu motorista no bairro do Guamá na época do verão amazônico, aqui na capital. De maneira particular, ele providenciou a solução para a vila que todos os anos fica abaixo d’água. Aquela atitude e solução gerou demanda para novos serviços. Distribuição de cestas básicas, ações de natal e de saúde se somaram até o momento em que ele fora eleito vereador pela primeira vez, há mais de 30 anos. Após quatro mandatos como vereador, tendo assumido a presidência da casa de leis municipais, ele se candidata e se elege como deputado estadual, sendo o que mais teve votos na capital. Sua popularidade o alçou a líder do partido do governo estadual na Assembleia Legislativa do Pará, chancelado pelo principal líder do Pará, o governador Helder Barbalho. Em seu discurso, ele destaca que considera todo mundo igual: pobre ou rico, e ressalta que não faz distinção de pessoas. Diz ele: “Eu frequento os mais diferentes lugares desde o churrasquinho na beira do canal do Promorar, onde trabalhei para que esse benefício chegasse à população, até o restaurante mais sofisticado da capital”. Confira, na íntegra, nossa entrevista com Zeca Pirão, pré-candidato à prefeitura de Belém:

 

Quem é o Zeca Pirão? 

Eu sou um ser humano comum, um trabalhador que há 34 anos ajudo a população tirando o povo da lama, priorizando obras de saneamento e asfalto, porque isso gera dignidade e qualidade de vida para a nossa população.

 

Como você se define política e ideologicamente? 

 

Minha ideologia é ajudar o povo. Não me prendo a partido, pois a minha prioridade não é obedecer ao partido, se isso for contra beneficiar a população, que é o meu principal objetivo.  

 

Você foi o vereador mais votado em 2020 na capital paraense e na última eleição foi o deputado mais votado na capital. O que explica essa quantidade de votos e os 4 mandatos de vereador de maneira ininterrupta?  

 

Trabalho, muito trabalho, que respaldaram minha candidatura e fizeram com que o povo possa renovar esse voto de confiança em uma candidatura que olha por quem mais precisa, sem deixar de mirar no futuro da nossa cidade.

 

O que você acha que é possível fazer em 4 anos de governo?

 

É possível solucionar e amenizar muitos problemas. A questão das enchentes é uma delas. Tem pontos de alagamentos clássicos. Você vê, ali na esquina da Mundurucus com Alcindo Cacela, todo ano alaga. A solução é criar um canal subterrâneo (uma piscina), concretar nas laterais e acima do reservatório para que a água tenha condições de ser absorvida pelos lençóis freáticos e seja escoada pelos nossos canais, que precisam ser aprofundados. Solução como essas nós conhecemos e eu sei trabalhar coisas boas e baratas em termos de construção. O problema do lixo, por exemplo, não dá mais para encarar a solução de recolher, despejar, aterrar. Temos que fazer usina que beneficie os recicláveis e os transformem em blocos de construção e outros produtos.

 

 

Qual é a sua percepção sobre o lixo? Acho que a minha percepção também é um dos grandes problemas em Belém, que é o saneamento. Esse novo contrato soluciona o lixo em Belém? 

 

Não, o lixo de Belém só vai ser solucionado quando uma dessas empresas tiver a capacidade de entender que o lixo tem que ser resolvido todo dia. Eles têm que pegar uma usina de reciclagem de lixo, transformar a usina em material de construção, como já tem no Rio Grande do Sul, já tem 16 países, tendem a fazer tijolo, fazer telha, fazer tipo madeira, fazer Escola, fazer dos resíduos matérias-primas que precisamos. De lixo civil, fazer casas populares com o próprio lixo, entendeu? Então, esse projeto já existe, só colocar em prática, recolher lixo e jogar no mato. Não é solução, a solução é acabar com o lixo. Então, essas usinas acabam com o lixo no mesmo dia, todo o lixo de Belém, ela zera de noite, não fica nada no pátio, então aí sim, eu te digo, aí tem a solução, entendeu? Agora, recolher o lixo tem que ter, isso é um fato, agora, levar o aterro e deixar e cobrir, é tipo o que o gato faz, né? O gato cava a cava, faz a merda dele e cobre, não é assim, tem que pensar o que a solução tem que dar.

 

O Pará é um dos estados que mais produz minérios. Existem algumas críticas que falam o seguinte: "essas mineradoras estão beneficiando essa matéria-prima no exterior e retornam com os produtos para nosso consumo". De que maneira você acha que Belém pode reverter esse quadro?

 

Deixa eu te dizer, este ano nós aprovamos o projeto do Governo do Estado e a partir do ano que vem a Prefeitura de Belém vai receber R$ 250 milhões por ano de repasse dos minérios, não só Belém, todos os municípios do estado serão beneficiados. Carajás, Parauapebas, Canaã dos Carajás toda aquela região, Marabá, ela vai perder um pouco do royalty pra ser distribuído o seguinte, quem tem mais população recebe de maneira mais justa considerando a população do estado que é o indicador mais justo para elaborar políticas públicas. Belém foi contemplada com mais 300 milhões. Todas essas cidades, Ananindeua, todos os municípios irão ser contemplados, um pouquinho para cada um. Então já ficou mais justo. 

 

Geração de emprego, o Estado tem um déficit muito grande de de emprego. Ao mesmo tempo, Belém é uma capital sempre muito elogiada como uma das capitais mais criativas do mundo, do Brasil né? Quais programas ou quais projetos o senhor identifica como potenciais para gerar emprego e renda?



Olha, você sabe que Belém é a cidade com uma das gastronomias mais ricas do mundo. Entre quase 800 cozinheiros, mestres de cozinha do mundo todo, a nossa cidade ganhou com um filhote em Tucupi com camarão rosa e jambu. Então, começar por aí, explorar isso aí, é um dos motivos. Outra coisa, explorar as nossas ilhas. Não tem hotéis de primeira qualidade, não tem resort em Cotijuba, Combú, essas ilhas todas poderiam ser exploradas de maneira mais adequada. Existem limitações legais atualmente para instalação de grandes projetos. Através da prefeitura que não quer, sabe contribuir, não quer liberar as licenças necessárias. Então nós temos que acabar com esse negócio, nós temos que produzir para gerar emprego e renda com isso. Vou te dar um exemplo, se você liberar todas as orlas de Belém e deixar tipo, em prédios residenciais, prédios comerciais, shopping, loja, tudinho, eu te garanto que vai gerar ali mais de 45 mil empregos, rápido, em 04 anos, rápido.

Nas obras de Belém, com o simples ato do prefeito com os vereadores autorizando as empresas construírem, mas  com o devido cuidado, ou seja  que passe uma rua na frente do prédio, como tem um outro prédio, pelo lado da Avenida Pedro Álvares Cabral, a Marechal Hermes. São centenas, milhares de empregos que dá para gerar. Aí tu põe cozinheira, tu põe servente, tu põe segurança, tu põe vários empregos num prédio só, tu vai ver que num prédio só vai dar 150, 200 empregos brincando.

 

Atualmente, Belém tem um déficit de habitação e com a COP 30, esse déficit talvez se amplie, porque a ampliação do Airbnb como uma possibilidade de investimento, atualmente vai fazer com que os aluguéis e os preços de moradia daqui em Belém aumentem e a população mais pobre tenha que ir pra lugares marginalizados, ou que não tenha instrutura necessária. Que proposta você tem nesse sentido? Para que isso seja de certa maneira solucionado ou amenizado?

 

Olha, na verdade, isso é uma especulação, né? Porque o investimento que está sendo prometido, está sendo dado financiamento pelo BanPará, estão vendo agora o Banco do Brasil, o Basa Banco da Amazônia, o Caixa Econômica. Vai ter financiamento para taxistas e profissionais de hospitalidade falem inglês, que os taxistas renovem a frota, que os hotéis possam revitalizar suas unidades. Vamos mostrar para o mundo todo que nós temos capacidade de administrar uma COP. O Governador foi bem claro, o Governador já fez a parte dele de trazer a COP pra cá.
 

Então, tem muitas oportunidades para Belém crescer, a região metropolitana toda crescer. E o ano todo vai crescer mais ainda, Salinas. Vai crescer toda a região Bragantina. Salinas, Pirabas, Bragança, todos esses lugares de praianos que vai receber os turistas e profissionais que vão aproveitar para conhecer as belezas do nosso estado.

 

Como é que o senhor lê a cultura? Como um todo? A cultura, como o movimento?

Fraquíssimo. Eu acho que é fraquíssimo. Não tem sentido. É necessário fazer mais para que os nossos artistas atuais cresçam é que haja espaço para novos. É isso que estamos precisando: Incentivar a cultura, incentivar concursos, festivais, sabe? Não só aqui em Belém, mas nas ilhas Mosqueiro, Outeiro, Icoaraci, Cotijuba. Uma vez por ano, pegar esses cantores, levar pra Mosqueiro, andar à Orla, fazer uma semana de música diferente. Então a gente precisa mudar a nossa cultura, a nossa maneira de viver, e isso é muito parado, muito parado, então a gente precisa mudar a cultura.


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