26/11/2019 às 17h00min - Atualizada em 26/11/2019 às 17h00min

Brigadistas são presos suspeitos de incêndios em Alter do Chão

ONG nega as acusações e diz que está colaborando com as investigações

belem.com.br
Agência Brasil e Redação Belém
Em uma página nas redes sociais, a ONG afirma que trabalha voluntariamente para proteger a floresta e os moradores de Alter do Chão (Foto: Marlena Soares/ Arquivo Pessoal/ Agência Pará)

Policiais civis do Pará detiveram, nesta terça-feira (26), em caráter preventivo, quatro pessoas suspeitas de atear fogo em parte da vegetação da Área de Proteção Ambiental (APA) Alter do Chão, em setembro deste ano.
 
Com cerca de 16.180 hectares (um hectare corresponde às medidas, aproximadamente, de um campo de futebol oficial), a unidade de conservação de uso sustentável fica em Santarém (PA), em uma região de forte apelo turístico devido às belezas naturais.
 
Os quatro suspeitos detidos integram a Brigada de Incêndio de Alter do Chão, organização não governamental (ONG) que atua no combate a queimadas na APA.
 
Uma das hipóteses sob investigação é que os suspeitos causavam os incêndios para, depois, serem convocados para apagar as chamas e receber algo em troca.
 
A reportagem ligou para os telefones indicados no site do grupo, mas não foi atendida.
 
Em uma página nas redes sociais, a ONG afirma que trabalha voluntariamente para proteger a floresta e os moradores de Alter do Chão e região, atuando de forma independente.
 
Além dos quatro mandados judiciais de prisão preventiva, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados.
 
Comandada pela Delegacia Especializada em Conflitos Agrários de Santarém (Deca) e pelo Núcleo de Apoio à Investigação (NAI), a operação batizada de Fogo do Sairé é resultado de dois meses de investigação sobre as causas dos incêndios de grandes proporções que atingiram a região em setembro.
 
No dia 18 de setembro, a secretária de Meio Ambiente de Santarém, Vânia Portela, revelou à Agência Brasil que as autoridades suspeitavam de que os incêndios iniciados naquela semana eram criminosos e tinham o propósito de liberar pedaços de terra às margens do Rio Tapajós para a exploração turística. Pouco antes, o Ministério Público (MP) do Estado do Pará tinha informado que vestígios de fogueira e latas queimadas tinham sido encontrados na terra incendiada, evidenciando a provável ação intencional (dolosa) dos responsáveis.
 
De acordo com o Conselho Gestor da APA Alter do Chão, há anos a unidade sofre com as ameaças representadas pelo desmatamento e ocupação ilegal de margens de lagos e igarapés e de outras áreas de interesse de projetos agrícolas, bem como pelo crescimento da especulação imobiliária e urbano desordenado da região.
 
A ONG envolvida publicou uma nota em que nega as acusações. Segue a íntegra da nota:
 
“Desde 2018 a Brigada de Alter tem atuado no apoio ao combate a incêndios florestais. Em agosto de 2019 houve um segundo curso dado pelos Bombeiros Militares, Defesa Civil e Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Turismo de Belterra que culminou com a formação de mais nove brigadistas voluntários. Eles têm, desde então, se empenhado diariamente em proteger a Área de Proteção Ambiental de Alter do Chão, em paralelo às suas atividades profissionais e pessoais – sempre ao lado do Corpo de Bombeiros.
 
Nessa madrugada (26/11), a Polícia se dirigiu à residência de quatro membros da Brigada com ordem de prisão preventiva. No momento, membros e apoiadores da Brigada estão apurando o que levou a esse fato. Estamos em choque com a prisão de pessoas que não fazem senão dedicar parte de suas vidas à proteção da comunidade, porém certos de que qualquer que seja a denúncia, ela será esclarecida e a inocência da Brigada e seus membros devidamente reconhecida. Estamos sem acesso à nossa conta do Instagram por onde normalmente nos comunicamos com os nossos apoiadores, esperamos que tudo se restabeleça o quanto antes”.

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