27/11/2019 às 15h56min - Atualizada em 27/11/2019 às 15h56min

Entidades contestam declarações de procurador do MPPA

As falas, que ridicularizam povos indígenas e quilombolas, circularam por meio de áudios e vídeos na internet

belem.com.br
Rosa Borges (jornalista do www.belem.com.br)
A geógrafa e ativista dos povos indígenas, Márcia Kambeba, acredita que um representante da lei deveria ter uma postura bem diferente (Foto: Elck Oliveira)

Repercutiram negativamente as declarações racistas e posicionamentos pessoais do Procurador e Ouvidor Geral do Ministério Público do Pará (MPPA), Ricardo Albuquerque, durante palestra a estudantes, em Belém, quando afirmou que o Brasil não tem "dívida alguma com as comunidades quilombolas" e que os “índios não gostam de trabalhar”. As afirmações ganharam notoriedade porque áudios e vídeos das falas circularam pela internet.
 
O Fórum Estadual de Direitos Humanos emitiu nota manifestando indignação coletiva de entidades, movimentos, organizações, ativistas e frentes populares às declarações proferidas pelo procurador.
 
Segundo o documento divulgado, "o procurador proferiu posicionamentos pessoais que geram suspeição sobre sua conduta e imparcialidade no judiciário do Estado".
 
A nota reforça ainda que a fala evidencia a personificação do racismo, tão combatido por organizações de defesa da população negra no Brasil. O documento finaliza dizendo acreditar que essa foi uma “posição isolada do Procurador e Ouvidor Geral do MMPA, Ricardo Albuquerque, e não da instituição Ministério Público do Pará", exigindo a apuração e responsabilização "exemplar" para combate ao racismo institucionalizado.
 
A indignação é compartilhada por Márcia Wayna Kambeba, mestre em geografia e escritora, compositora de músicas indígenas. Ela se origina do povo Kambeba do Amazonas e mora no Pará há 10 anos. "Essa violência institucional, física, social e psicológica contra negros e indígenas precisa acabar. Mas isso só será possível quando mudarmos nosso modo de ser, pensar e agir. Buscamos um direito que nos foi tirado há décadas e pedimos reparo dos governantes e dos homens da lei. Essa mudança, nós, indígenas e negros, estamos fomentando na sociedade através de ações educativas que transformem e façam a diferença", relatou.
 
Márcia Kambeba acredita que um representante da lei deveria ter uma postura bem diferente. "Para mim não adianta ser da lei. É preciso, antes de tudo, ser humano. Se a pessoa não tiver esse humanismo trabalhado em sua essência, não compreenderá o olhar do outro e sua luta. Se verá sempre como superior e o outro como inferior. E não teremos a paz tão sonhada e cantada em nossas canções e protestos", finalizou.

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