05/06/2023 às 11h27min - Atualizada em 05/06/2023 às 11h27min

Materiais de automutilação são vendidos por site que se diz ligado à Igreja Católica

Apesar de se identificarem como da igreja, o Apostolado Ascetismo Cristão não faz parte de nenhuma arquidiocese do país

com edição da Redação Belem.com.br
O Liberal
Imagem do site do apostolado
Uma associação que se diz ligada à Igreja Católica chamada Apostolado Ascetismo Cristão realiza vendas de materiais para automutilação em seu site, promovendo a ideia de “purificação dos pecados por meio do sofrimento”.

Nas redes sociais, o discurso é que a dor torna as pessoas mais dignas do olhar divino, oferecendo instrumentos chamados de cilícios – uma corrente de metal com “dentes” – que custam, em média, R$ 250 cada. Chicotes e cintos também estão disponíveis na plataforma digital.

Ainda é possível obter os materiais por meio de kits feitos especialmente para um determinado objetivo do cristão chamados “kit anti-demônio” que contem roupas, água benta e um PDF com orações e instruções de uso, com alertas como “no início, comece usando por cinco minutos – até porque você não vai conseguir ficar mais tempo que isso” e “Não recomendamos que use durante o sono, pois pode ferir a pele”.

Apesar de se identificarem como da igreja, o Apostolado Ascetismo Cristão não faz parte de nenhuma arquidiocese do país, mas, segundo eles, há uma equipe religiosamente especializada para elaborar o produto. “Nossos produtos são feitos à mão e em clima de oração por uma pessoa extremamente fiel à Santa Igreja e à Santa Tradição escolhida depois de muita atenção”.

Em posts das redes sociais do apostolado, é possível acompanhar um discurso armamentista, com publicações de padres empunhando armas, além de críticas sobre a vacina da covid-19 e posts de cunho político que apoiam governos que incentivam as práticas citadas acima.

Incentivo à automutilação

O cilício é controverso. Mesmo que seja uma prática comum e antiga dentro da igreja católica, há o incentivo à autoflagelação. Para especialistas, “é um tema delicado porque envolve a liberdade religiosa, faz parte de um ritual religioso”.

Estudiosos afirmam que a automutilação não é crime, mas a prática é. Em casos de uma pessoa que use os instrumentos em outra pessoa e contra a vontade é possível ter algum enquadramento criminal. O uso também em crianças consideradas incapazes também pode ter consequências jurídicas.

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Como podemos te ajudar?