23/12/2019 às 08h00min - Atualizada em 23/12/2019 às 08h00min

E aí, já deu um abraço no seu vizinho hoje?

Muitas vezes, essa relação é de cordialidade. Em outras, é de amizade. Mas também pode chegar à indiferença e inimizade

Rosa Borges
Jornalista do belem.com.br
Os vizinhos da dona Irene, do bairro de Canudos, em Belém, criaram um grupo que joga bingo três vezes por semana (Foto: acervo pessoal)
  
Dizem que a escritora Cora Coralina foi quem criou o Dia do Vizinho, quando tentaram comemorar seu aniversário, em 1980. Ela não teria aceitado, mas concordou em celebrar a relação entre os vizinhos, como forma de se confraternizarem. Isto aconteceu em 20 de agosto. A data passaria então a ser considerada o Dia do Vizinho e que Cora teria então escrito a seguinte frase: "Vizinho é mais que parente, pois é o primeiro a saber das coisas que acontecem na vida da gente".
 
Nosso calendário festivo também aponta o dia 23 de dezembro como o Dia do Vizinho. Divergências de datas à parte, vamos aos casos de quem considera seu vizinho como um verdadeiro parente, como referenciou a escritora. Temos ainda aquele vizinho que não é tão querido assim, e aí nos perguntamos... como lidar com esse segundo tipo?
 
Amizade - Eliana Farias é dessas que se apega mesmo aos seus vizinhos. Ela diz que morou muito tempo no município de Castanhal, na região nordeste paraense, e lá teve diversas experiências com vizinhos que se tornaram mais que amigos.
 
"Quando eu morava em Castanhal, cativei amizades de vizinhas que eu levo para vida toda. Uma delas é a Sulamita, que eu conheci por meio de outros amigos do meu esposo. Ela vendia tacacá numa banquinha e hoje diz que eu e meu esposo fomos seus primeiros fregueses. Eu chamava a mãe dela de tia e quando tinha festa de aniversário ou Natal, nós íamos para a casa dela. Minhas filhas a chamavam de tia. É como se ela fosse da família. Essa amizade já dura 31 anos. Tem a Miriene e a Ana, que também eram minhas vizinhas e nós fizemos uma amizade que dura até hoje. Mesmo me mudando de Castanhal, tenho essas amizades que eu levo no coração e jamais esqueço", comemora.
 
Hoje, Eliana mora em Belém, mas sabe o quanto é importante ter um bom relacionamento com seus vizinhos.  "Hoje tenho poucos vizinhos, mas os que tenho são como uma família para mim. Sei que posso contar com eles. Nem sempre fazemos as coisas junto , mas sempre estamos conversando, e chego a contar coisas pessoais pra alguns", revela.
 
Bingo - Irene Souza, mora no bairro de Canudos, em Belém, há 52 anos. Seus vizinhos criaram um grupo que joga bingo três vezes por semana, compartilhando momentos de estreita amizade. No último sábado (21), o grupo de vizinhos realizou sua confraternização de final de ano. Irene conta que é dinamizadora das peregrinações e das novenas da Paróquia de São José de Queluz e isso faz com que acabe se relacionando com muita gente do bairro. "Eu movimento os vizinhos pra participar, sou conhecida não só na minha rua, mas no bairro todo", diz orgulhosa.
 
Mas nem sempre essa relação entre vizinhos é amistosa. Flávio Maia preside uma ONG, localizada na rua 15 de agosto, em Icoaraci. Vez por outra, realiza ações com a comunidade. O prédio fica de esquina, mas o  vizinho não fica muito satisfeito com o barulho inevitável nos dias das programações.

"Eu entendo que nós vivemos de relacionamentos e quando um relacionamento é complicado, nesse caso com vizinhos, daqueles que procuram só uma brecha pra fazer confusão,
temos que ter bom senso e sabedoria para não entrar em conflitos desnecessariamente. Nosso vizinho geralmente liga muito bravo e reclama que fazemos muito barulho, mas antes aqui funcionava uma boate. Não sei como ele lidava com isso antes de nós nos fixarmos aqui. Em geral, tentamos evitar as coisas que o irritam, pra que haja uma boa convivência, pois vamos ter que nos suportar mutuamente, mesmo não sendo tão amigável, muitas vezes", comenta Maia.

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