As causas para o suicídio são multifatoriais. Por isso, saber onde procurar ajuda é fundamental. (Foto: Freepik)
O suicídio, tema sensível e complexo, vem afetando cada vez mais pessoas com o passar do tempo. No Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em um único dia, 32,3 brasileiros vão perder a vida em decorrência desse problema. Apesar de ser uma taxa alarmante, 90% dos casos poderiam ser evitados com tratamento psicológico. Por isso, saber onde procurar ajuda é fundamental.
No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, comemorado anualmente em 10 de setembro, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) se destacam como um dos canais especializados no tratamento da saúde mental. Em Belém, há nove unidades divididas entre a gestão estadual e municipal, funcionando entre 8h às 18h, durante os dias úteis da semana.
Segundo Juliana Cunha, coordenadora da Referência Técnica em Saúde Mental, da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), os CAPs estão promovendo ações de orientação e desmistificação do suicídio durante o mês de setembro. “Quando uma pessoa chega ao CAPs, logo iniciamos o acolhimento deste usuário. Porém, precisamos que essa demanda chegue até nós, para que possamos cuidá-lo, e esse ponto é o problema, porque a pessoa depressiva sempre pensa que pode melhorar sozinha”, explica.
As causas para o suicídio são multifatoriais, sendo resultado de uma relação de fatores psicológicos, biológicos, genéticos, culturais e socioambientais. Entre os jovens, o problema aumenta, já que a taxa de pessoas entre 15 aos 19 anos, que atentam contra própria vida, vem crescendo anualmente. Por isso, alguns sinais devem ser observados, como: depressão, esquizofrenia, bipolaridade, transtornos de humor, sofrimento psíquico grave, impulsividade e momentos de desesperança.
Por conta da pandemia da covid-19, os Centros de Atenção Psicossocial precisaram se readequar. “As pessoas passaram a ter uma relação obrigatória de convivência durante a pandemia, impositiva, o que potencializou algumas crises. Naquela ocasião, os CAPs suspenderam as atividades em grupo e os atendimentos presenciais foram alterados. Atualmente, voltamos a funcionar, mas dentro das exigências da vigilância sanitária”, reforça Juliana Cunha.
Os sintomas suicidas requerem mais atenção aos sentimentos, atitudes e formas de se relacionar com o outro. Por isso, especialistas indicam o vínculo social como elemento protetor da vida. Pessoas que possuem laços familiares, profissionais e amorosos têm menor propensão a cometer suicídio. Encorajar as pessoas a romper a barreira do silêncio e procurar por ajudar, também é importante. Nesses casos, o recomendado é buscar por tratamento especializado.
Por isso, é necessário saber os caminhos para esse atendimento. Pessoas com algum transtorno mental podem procurar tanto os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) quanto às Unidades Básicas de Saúde (UBS’s). Para o caso de pacientes em crise ou com perfurações no corpo, a recomendação é se direcionar para o Hospital de Clínicas Gaspar Viana, referência de urgência psiquiátrica, ou as Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s).
No caso dos CAPs, o atendimentos é voltado para quadros de baixa e média complexidade, explica a coordenadora da Referência Técnica em Saúde Mental, Juliana Cunha. No Centro, o usuário será acolhido por uma equipe multiprofissional, na qual será agendada uma consulta médica para tratar o transtorno mental severo.
Tratar o suicídio como problema de saúde pública é fundamental. Dessa forma, tanto o poder público, por meio das atribuições civis, administrativas e sociais, quanto os membros da sociedade civil, têm responsabilidades sobre essa questão. Promover ações educativas e preventivas, além de qualificar os profissionais da saúde, devem estar como prioridades.