24/10/2019 às 15h29min - Atualizada em 24/10/2019 às 15h29min

Cia Lama de Teatro apresenta espetáculo "Mukuiu"

Peça é baseada na vida de mametu do candomblé angola, em Belém

belem.com.br
Assessoria de Comunicação do evento
O objetivo da dramaturgia é estabelecer relações entre as chacinas atuais na cidade e o genocídio contra o povo negro (Foto: Divulgação)

A Cia Lama de Teatro apresenta, nesta sexta-feira (25), às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, em Belém, o espetáculo Mukuiu, que apresenta momentos da trajetória de vida de Mametu Nangetu, uma mametu do candomblé angola, que vive na capital paraense.  A história é contada de forma não linear e por meio de recursos cênicos e põe em diálogo linguagens diversificadas no palco, como a dança afro-brasileira, o teatro de bonecos, a música e vídeos etnográficos. A peça surgiu a partir do prêmio recebido por Carmem Virgolino, contemplada pelo Projeto Seiva de Pesquisa e Experimentação 2018, da Fundação Cultural do Pará (FCP).
 
A dramaturgia é baseada na pesquisa etnográfica realizada no terreiro Mansu Nangetu, mas a obra também aborda o cotidiano da violência da cidade de Belém. O objetivo é estabelecer relações entre as chacinas atuais na cidade e o genocídio contra o povo negro – que ocorre desde o início da diáspora africana. Segundo a própria Mametu Nangetu, os terreiros de candomblé são espaços de acolhimento para quem chega. “Nas periferias, onde a maioria da população é negra, a ação das milícias é mais forte e o espetáculo procura mostrar os terreiros de cultura de matriz africana como territórios de bem viver e resistência, para os afrodescendentes, em meio a caótica cidade”, explica Carmem Virgolino, que desdobrou o prêmio em sua pesquisa de doutorado, no Programa de Pós Graduação em Artes da UFPA.
 
A peça conta com a participação de Michel Amorim, Armando de Mendonça, Carla Baía, Gabriel di Preto, Brenda Kalife, com participação especial de Luciano Lira, luz de Malu Ribeiro e vídeos de André Mardock. Juntos, eles mostram as relações entre ritual e arte e também experiências pessoais de racismo e suas vivências com a cultura de matriz africana, como o rap e a capoeira. “A obra canta e questiona a realidade de seu próprio tempo, evidenciando a essência das culturas de motriz africana na constituição da identidade brasileira e amazônida. Não como um olhar anacrônico para um passado distante, mas como um olhar ao porvir, na busca de elaborar alternativas possíveis de outros modos de existir”, acrescenta a pesquisadora e encenadora.
 
Pesquisa
 
Em uma primeira temporada, realizada no Teatro Waldemar Henrique, a pesquisa teve o desenvolvimento da identidade de iluminação, musicalidade e espaço cênico, além do trabalho apurado em torno dos personagens. “Assumimos ainda o desejo de gerar um trabalho político, no sentido de se contrapor a produções de entretenimento sem conteúdo social”, explica Carmem.
 
Nesta mesma temporada, os membros da companhia retornaram à comunidade pesquisada, o Mansu Nangetu, o que gerou ações performáticas, especialmente a partir das coreografias cênicas, na festa de Santo Onofre, em junho de 2018. Neste momento também foram realizados registros em vídeo pelo artista André Mardock, que participou da equipe na fase de levantamento dos dados etnográficos do trabalho.
 
A segunda temporada do trabalho, em junho de 2019, apresentou-se, por um lado, como dobra poética de pesquisa em andamento no programa de Pós-graduação em Artes da UFPA e por outro lado como trabalho constituído em rede pelos artistas pesquisadores da Cia Lama de Teatro e seus convidados, Mametu Nangetu e outros integrantes do Mansu Nangetu. Neste momento a dramaturgia se firmou, tendo a assinatura de Michel Amorim e Carmem Virgolino que também são encenadores e atuantes.
 
Serviço:
Espetáculo Mukuiu - Cia Lama de Teatro
Sexta-feira (25), às 20h
Teatro Margarida Schivasappa (Av. Gentil Bittencourt, 650 - Nazaré)
Entrada gratuita
Informações: (91) 98870-9175 e (91) 98204-6069

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