28/03/2023 às 08h24min - Atualizada em 28/03/2023 às 08h24min

Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz celebra os 150 anos de Sergei Rachmaninoff

O concerto será no palco do Theatro da Paz com entrada gratuita

Com edição da Redação Belem.com.br
Ascom Theatro da Paz
Arquivo/Agência Pará
A Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), apresentará nesta terça-feira (28), às 20h, um concerto em homenagem aos 150 anos de nascimento de Sergei Rachmaninoff, compositor de origem russa muito influente atualmente. Para executar o solo de piano de uma das peças, a orquestra terá a participação do virtuoso pianista brasileiro Estefan Iatcekiw de apenas 19 anos. O concerto será no palco do Theatro da Paz com entrada gratuita. A iniciativa é do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Theatro da Paz e Academia Paraense de Música (APM).
 
O concerto “Sesquicentenário de Rachmaninoff”, vai homenagear um dos grandes compositores de todos os tempos, Sergei Rachmaninoff, um compositor de origens russas, mas que emigrou para os Estados Unidos, onde começou a ser influenciado pelo cenário da música sinfônica daquele país, tendo se inserido muito no contexto da música erudita norte-americana, compondo para muitas orquestras, regendo para outras, tocando solo, sendo solista frente a orquestras, muitas vezes tocando suas próprias obras e se tornou um nome conhecidíssimo.
 
Óbvio que no período histórico no qual ele viveu, esse trajeto era comum. Várias pessoas, compositores, não só da música erudita, mas nas ciências, nas artes dramáticas, em todos os ramos do conhecimento humano. Mas, falando agora especificamente da música erudita, temos o violoncelista Jascha Heifetz, Pietr Górski, do compositor Stravinsky, Arnold Schoenberg. Muitos compositores deixaram a velha Europa carregando suas tradições culturais, principalmente por causa das guerras, e emigraram no moderno e sedento por cultura Estados Unidos da América em busca de mais estabilidade, inclusive econômica. Rachmaninoff se insere dentro desse contexto histórico.
 
Era um país onde as orquestras sinfônicas estavam crescendo cada vez mais, e a cada dia surgiam novas casas de ópera. Um mercado em ascendência, principalmente para um compositor performer, um compositor que também era muito conhecido por tocar não só suas obras, mas como de outros compositores. A obra é menos teórica, se torna mais de cunho prático e mais amigável aos músicos e intérpretes, porque foi escrita por um intérprete.
 
De acordo com Miguel Campos Neto, maestro titular da OSTP é de grande importância mencionar Sergei como pianista virtuosíssimo. “Obviamente tendeu a compor muitas coisas para piano, mas longe de ficar conhecido como um compositor para piano, como é Chopin, que tem poucas obras que não são para piano. Rachmaninoff não, ele quebrou com esse paradigma e compôs largamente para orquestra sinfônica, compôs obras dramáticas. Por exemplo, ele compôs quatro sinfonias. É importantíssimo mencionar, pois esse fato faz com que ele se desassocie daquela imagem do pianista compositor, simplesmente”, explicou.
 
Repertório

O repertório mostra duas facetas diferentes do compositor Sergei Rachmaninoff. A primeira obra é o ‘Concerto nº 3’ de Rachmaninoff, muito conhecido entre os pianistas como um dos concertos mais difíceis jamais escritos por um instrumento. Os pianistas que encaram essa obra, são realmente grandes virtuosos. O próprio Rachmaninoff, mostrou o quão grande pianista ele era ao compor essa obra e ao executá-la. Mais ou menos como aconteceu no século anterior com Paganini para o violino, com Chopin e Liszt para o piano, que escreviam obras altamente virtuosísticas e extremamente difíceis e eles mesmo tocavam para o público como uma espécie de dupla recompensa para eles como compositores e como intérpretes.

Enquanto a segunda obra é ‘Concerto nº 2’ muito popular do grande público, dos frequentadores de cinema, inclusive esse concerto é parte da trilha sonora de “O Espelho tem duas faces”, um filme de 1996, de Barbra Streisand. Aqui temos o Rachmaninoff como um grande compositor criativo, se mostrando muito além de um compositor para piano. Danças Sinfônicas, uma obra em três movimentos, mostra uma riqueza de temas, de harmonia e orquestração invejáveis, realmente virtuosísticas e que revelam um compositor virtuoso da pena e não virtuoso simplesmente do piano. Essa obra é muito rica principalmente na orquestração, na harmonia e em uma espécie de estilo de melodia que o Rachmaninoff escrevia, onde as melodias parecem não ter fim e vão se entrelaçando com a próxima frase musical. Um estilo de composição onde as frases são longas e muito passionais.
 
“As duas obras, o interessante nesse concerto é justamente mostrar essas duas facetas do compositor, o compositor como escrevendo virtuosisticamente para o piano e o compositor como um criador de obras sinfônicas que fizeram grande sucesso nos palcos do mundo inteiro logo que elas foram compostas”, definiu o maestro Miguel.
 
Uma coisa interessante sobre Rachmaninoff é que diferente de alguns compositores como Mozart por exemplo, ele foi um compositor conhecidíssimo do grande público e reconhecido durante sua vida. No século XX os compositores e músicos também gozam de uma fama e de recompensas já às vezes de grandes estrelas como Pucini por exemplo na ópera. O século XX trouxe um perfil de compositor bem diferente do que tinha os séculos XVIII e XIX. Então Rachmaninoff era conhecido do grande público do mundo inteiro, mais especificamente falando dos Estados Unidos onde ele atuava na parte posterior da sua vida. E agora nada mais justo do que ele seja comemorado com esse concerto em homenagem ao seu sesquicentenário.
 
Para Campos Neto, a presença do Estefan Iatcekiw é muito importante nesse concerto. “Primeiro porque ele é um intérprete muito importante deste compositor específico e segundo por demonstrar a força da nova geração de pianistas brasileiros. Ele faz parte dessa novíssima geração de pianistas que no passado já contou com Guillermar Novaes e tantos outros pianistas virtuosos com carreiras e famas internacionais. Agora nós temos uma nova geração de jovens intérpretes que está aí e que é muito importante e nós devemos dar o devido incentivo a esses jovens músicos. Ele faz parte dessa geração e é muito bom que a OSTP, que o Teatro da Paz, esteja acolhendo esses jovens com um futuro tão promissor”, disse.
 
Estefan se mostrou imensamente feliz em estar novamente em Belém e revelou se arrepender de não ter vindo antes a capital paraense, já que adorou a cidade. “Amei a cidade, o povo acolhedor e o incrível Theatro da Paz, que se equipara a qualquer teatro grande da Rússia e da Europa, de tão boa qualidade acústica, tão boa qualidade de instrumentos e tão agradável para o pianista tocar e se apresentar. Para mim é uma alegria sem igual poder voltar nessa sala e poder tocar mais uma vez o terceiro concerto de Rachmaninoff e mostrar um pouco desse meu amor pela música russa e, obviamente, eu não posso deixar de citar o meu amor pela minha terra natal, que é o Brasil e pelo povo brasileiro que tanto é acolhedor, quanto aprecia a música clássica”, e continuou.
 
Segundo maestro Miguel, a primeira coisa que o público pode esperar deste concerto é música altamente passional. “Eu acho que esse é um dos adjetivos mais corretos para se descrever a obra de Rachmaninoff. É uma música envolvente, passional, fácil de ouvir porque é muito melódica. E eu acho que o público se conectará de imediato. É uma reação muito visceral essa que o público tem em relação a música de Rachmaninoff. Tem sido assim há mais ou menos 150 anos. Segunda coisa que o público pode esperar é uma demonstração de virtuosismo num instrumento tão virtuosístico, que é o piano, já conhecido por essa característica. Mas, devido à dificuldade do concerto e à expertise, ao nível técnico e musical do nosso solista, o público realmente pode esperar fogos de artifício musicais saindo dos dedos de Estefan. Porque é uma música que se presta a isso, é uma música que tem essa característica. E ela é tão bem interpretada pelo nosso solista e pela nossa orquestra que o público com certeza vai reagir e responder imediatamente”, finalizou.

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