06/07/2023 às 08h27min - Atualizada em 06/07/2023 às 08h27min

Doação de órgãos emociona profissionais e usuários do Abelardo Santos

Rins doados por paciente de 6 anos vão ressignificar a vida de pessoas que aguardam na fila de espera

com edição da Redação Belem.com.br
Agência Pará
Divulgação
Tudo começou com um menino de 6 anos que, por bem pouquinho, não conseguiu festejar a chegada dos 7 (o aniversário seria em 20 de julho). 

Vítima de afogamento, o garoto ficou internado desde o dia 25 de junho no Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS), em Icoaraci, distrito de Belém, mas a história mudou o rumo e o menino teve morte cerebral decretada. 

Mesmo na dor, a família decidiu por doar os órgãos, a condição só era uma: “que ele fosse vestido de super herói para a sala de cirurgia”, conta Renata Oliveira, diretora- assistencial. E assim se fez. Ele foi vestido do super-herói Hulk.

Na noite da última terça-feira, 04, o pequeno Incrível Huck foi levado para a última missão. Em uma cerimônia emocionante pelos corredores do hospital, a equipe multiprofissional, que cuidou dele durante essas semanas, se reuniu para um último adeus. 

Enquanto o diagnóstico era fechado pelos médicos, a equipe de captação de órgãos da unidade conversava com os familiares explicando o processo e a importância da ação. 

“Estamos construindo a cultura de captação de órgãos aqui no Estado e, principalmente, em nossa capital. Hoje, o HRAS vive um marco histórico de construção e fortalecimento de doações. O nosso objetivo principal, além de captar órgãos de pacientes em morte encefálica, é conseguir captar as córneas, que temos mais oportunidades devido o maior número de óbitos serem de coração parado, ou seja, de pessoas com doenças existentes”, justifica o enfermeiro Daniel Tapajós, membro da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). 

De hoje em diante, o menino vai poder continuar na lembrança daqueles que o conheceram e amaram por meio de duas pessoas que serão beneficiadas pelos rins. Os dois órgãos conseguiram ser captados e da fila de espera tirarão duas pessoas que passarão a ressignificar a existência, entre eles, uma criança da mesma faixa etária. 

Doação

O processo cirúrgico de captação de órgão dura em média de 4 a 5 horas. No caso deste paciente, a equipe foi composta por 13 profissionais: 3 médicos, sendo 2 cirurgiões e um anestesista; 2 enfermeiros do bloco cirúrgico, sendo uma coordenadora; 5 técnicos em enfermagem; um enfermeiro responsável pela CIHDOTT; um enfermeira membro da CIHDOTT; e uma enfermeira da Central de Transplantes.

Mas antes da retirada, há todo um cuidado ao abordar e conversar com os parentes do paciente. Daniel explica que são realizados treinamentos, estudos e capacitações para que haja um reconhecimento eficaz do potencial doador e, principalmente, uma abordagem humanizada para que se consiga acolher a família. “Expressamos nossos sentimentos de gratidão e respeito e ao mesmo tempo, conversamos de maneira sutil sobre a possibilidade de doação para outras pessoas que estão precisando”, pontua. 

Existem dois tipos de possibilidades de doação:  a primeira é por morte encefálica, aonde se consegue captar a maioria dos órgãos como rins, fígado, coração, córnea, entre outros. Já a captação por coração parado é realizada após o óbito do potencial doador, levando em consideração critérios de avaliação para a córnea, que é o único órgão que se consegue aproveitar após este diagnóstico. 

“Para que a captação/doação seja realizada, o potencial doador pode ter expressado o desejo em vida ou os familiares podem informar o desejo da doação, sendo que, como a população ainda não está acostumada com o processo de doação, a CIHDOTT aborda a família perguntando se querem doar os órgãos”, ressalta o enfermeiro. Com a doação do menino de 6 anos, o HRAS registra a segunda captação desde que foi entregue após a reforma. Esta foi a primeira deste ano. 

Transplantes

Os transplantes só são realizados em hospitais autorizados pelo Ministério da Saúde. No Pará, os hospitais autorizados para realizar implante renal são Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Hospital Ophir Loyola (HOL) e Hospital Saúde da Mulher (HSM), em Belém; Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, e Hospital Regional Público do Araguaia (HRPA), em Redenção.

Os hospitais autorizados a realizar transplante de córnea e esclera pelo SUS são: HOL, Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (na Universidade Federal do Pará – UFPA), Hospital Cinthya Charone e Hospital Oftalmológico do Pará.

Serviço

O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos é uma unidade da rede pública de saúde do Governo do Pará, com 340 leitos de internação, entre clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), adultos e pediátricos. A unidade é administrada pelo Instituto Mais Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
 

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