03/08/2023 às 08h29min - Atualizada em 03/08/2023 às 08h29min

Celebração à Eneida de Mores abre agenda cultural para a Cúpula da Amazônia

Escritora paraense, idealizadora do Museu da Imagem e do Som, é tema da exposição “Eneida Simplesmente”, que pode ser visitada até 30 de setembro

com edição da Redação Belem.com.br
Agência Pará
Agência Pará
A realização do seminário “Diálogos Poéticos com Eneida de Moraes” e a abertura da exposição “Eneida Simplesmente”, no início da noite desta quarta-feira (2), no Centro Cultural Palacete Faciola, em Belém, iniciaram a programação da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) para receber os visitantes da Cúpula da Amazônia.

Nascida em Belém, militante e feminista, Eneida de Moraes é nome fundamental da cultura popular brasileira e uma das mais importantes escritoras do Pará. Ela é conhecida por sua perspicácia crítica e escrita sensível, que habilidosamente captura a vida e a cultura paraense.

“É um momento de celebração e de conscientização sobre o valor da nossa cultura e da importância de Eneida”, disse Bruno Chagas, secretário adjunto de Cultura. “Esses eventos honram o legado de Eneida de Moraes, uma mulher cuja influência moldou nosso ambiente cultural e impulsionou o avanço de instituições, como o nosso Museu da Imagem e do Som (MIS). Nada mais justo do que visibilizarmos a obra de Eneida, a nossa cultura e a nossa identidade durante a Cúpula”, acrescentou.

'Em Azul e Branco'

A celebração ao legado da escritora paraense iniciou com o seminário “Diálogos Poéticos com Eneida de Moraes”, no auditório que leva o nome da escritora. Houve exibição do curta-metragem “Promessa em Azul e Branco”, da cineasta Zienhe Castro, seguida de debate. O diálogo teve as participações da professora Eunice Santos, do quadrinista Volney Nazareno e do presidente da Escola de Samba da Matinha, Rodolfo Trindade, e foi mediado pela diretora do MIS, Indaiá Freire.

“Eneida era uma mulher muito à frente do seu tempo; uma vanguardista. Durante a Cúpula, e nos próximos dois anos, discutiremos a reinvenção a partir do que temos, dialogando com as tradições populares, os povos da floresta, a natureza que ela amava. E Eneida era apaixonada por Belém, pelo cheiro do Pará e pelas tradições populares. É um diálogo constante entre o passado e o presente, para construirmos um futuro sustentável e não prejudicarmos o planeta”, disse Indaiá Freire.

Durante o diálogo, os convidados apresentaram ao público suas experiências com a vida e obra de Eneida. Volney Nazareno mostrou ao público várias obras inspiradas em textos e contos de Eneida de Moraes. Já Rodolfo Trindade defendeu Eneida “como grande representante do Carnaval no Brasil”, e lembrou a importância do enredo carnavalesco “Simplesmente Eneida” para a Matinha.

“Eu fiquei extremamente feliz em ouvir essa mesa, de ver Eneida retratada em tantas versões, seja em quadrinho, em audiovisual ou brilhantemente cantada. A professora Eunice é a nossa grande referência sobre Eneida. Ouvi-la é sempre um prazer. Eu só posso falar uma coisa: como é bom acordar Eneida!”, frisou a professora Josebel Fares, da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

O médico Fabrício Brasão relatou que conheceu a obra de Eneida de Moraes ao se preparar para o vestibular, quando leu “Promessa em Azul e Branco”. “Fiquei apaixonado. Morei muito tempo fora de Belém, e depois li ‘Aruana - Banho de Cheiro’, e isso me reaproximou muito de Belém. Voltar para minha cidade, e me conectar dessa forma com Eneida, foi um momento único”, disse.

Pesquisa

A exposição “Eneida Simplesmente” foi aberta ao público no MIS logo após o seminário, com o resultado de 30 anos de pesquisa da professora Eunice Ferreira, doutora em Literatura, aposentada da Universidade Federal do Pará (UFPA).

“O visitante encontrará todas as fases e versões de Eneida de Moraes. O foco está nas nuances de sua abordagem política, que era um ponto forte em suas ações. Sua opção política não se restringia ao comunismo, mas sim à busca por uma revolução e um modo específico de condução política, lutando pelo que ela considerava correto”, contou Eunice Ferreira.

A exposição proporciona uma experiência única ao público, e também destaca a relevância histórica da escritora, que teve amizades com grandes nomes da literatura e das artes, como Carlos Drummond de Andrade e Manoel Bandeira, contribuindo significativamente para a cena cultural e artística do País.

O acervo utilizado para a exposição é fruto do Grupo de Pesquisa de Mulheres Eneida de Moraes (Gepem). Com base nesse material, a equipe do MIS se dedicou a criar uma Eneida mesclando sua obra e personalidade, a partir de diferentes perspectivas e interpretações. O resultado é uma exposição que não apenas celebra a escritora, mas também instiga reflexões sobre sua vida e seu legado.

“A vida da Eneida é uma obra aberta; cada um interpreta da maneira que acha que tem que interpretar. A nossa interpretação está no MIS, mas as pessoas são livres para fazer suas interpretações. Todos estão convidados a conhecer essa mulher apaixonada pelo Pará, suas tradições, e pelo Carnaval, deixando um legado que transcendeu gerações e continua inspirando novos trabalhos e interpretações”, acrescentou Indaiá Freire.

A mostra pode ser visitada no MIS até o dia 30 de setembro, de terça-feira a domingo, das 9 h às 17 h. A entrada é gratuita.
 

 

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