26/01/2024 às 11h52min - Atualizada em 26/01/2024 às 11h52min

Janeiro Branco: saúde mental dos pets também deve ser levada a sério

Influenciadora usa redes sociais para conscientizar sobre a importância da saúde mental dos pets e especialista traz dicas importantes para tutores; confira

Canal do Pet - Com edição do Belém.com.br
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O fato de que os animais de estimação  podem ajudar as pessoas em relação a diversos fatores emocionais — tal como existem os animais de apoio, de  assistência , entre outros — já é um fator bastante difundido entre especialistas no assunto. Contudo, pouco se fala quando o caminho é o inverso: como os humanos podem ajudar na saúde mental dos animais de estimação?

Como uma forma de conscientização, a campanha Janeiro Branco, surgida em 2014, foi também adotada pela medicina veterinária para colocar em evidência os cuidados com a saúde mental de cães, gatos, e outros animais domésticos.

Em 2015, o Senado instituiu o Estatuto dos Animais , decretando a lei que garante o acesso à informação sobre o bem-estar dos animais e outras obrigações, como:

  • Estímulo à conscientização e à educação para a guarda responsável;
  • Combate aos maus-tratos e toda forma de violência, crueldade e negligência praticadas contra os animais;
  • Proteção dos animais contra sofrimentos desnecessários, prolongados e evitáveis;
  • Promoção da saúde dos animais.

Mesmo com a existência de leis que visam amparar os bichanos, especialmente cães e gatos, casos de abandono e maus-tratos ainda ocorrem por todo o país ocasionando sofrimento psiquíco aos pets.

A médica veterinária Caról Luz, especialista em comportamento e adestradora, que atende pela rede Pet Care, aponta outros fatores que podem causar problemas emocionais em cães e gatos.

“Considerando os cinco domínios do bem-estar animal, se algum deles estiver comprometido, então, teremos o acometimento negativo do domínio emocional [mental] do animal”, diz a especialista.

Caról explica que o "modelo dos cinco domínios", proposto por Mellor e Reid (1994), atua como um método sistemático de avaliação do estado de bem-estar de um animal, a partir de quatro domínios físicos ou funcionais — Nutrição, Ambiente, Saúde e Comportamento —, e um domínio mental — Estado Mental ou Afetivo.

"Para avaliarmos o estado de bem estar de um indivíduo, precisamos verificar como está o atendimento das necessidades de todos esses cinco domínios, que são: nutricional, ambiental, fisiológico [saúde], comportamental, e todos esses compões o quinto domínio, que é o mental afetivo", detalha a especialista, apontando, na sequência, alguns fatores podem gerar problemas emocionais nos pets.

Em gatos:

  • Má nutrição;
  • Problemas de saúde/ doenças que geram dor e desconforto físico. Exemplos: insuficiência renal/asma/ dor em coluna/ joelhos/ problemas gástricos, ortopédicos, dermatológicos e endócrinos;
  • Privação do comportamento natural da espécie: gatos precisam pular, arranhar, se esfregar, caçar, perseguir, abocanhar, morder, brincar, lamber, etc;
  • Presença de outro gato e número reduzido e/ou má alocação de recursos como potes de água e comida, caixa de areia, caminhas, tocas, arranhadores, brinquedos, carinho, o próprio tutor, entre outros. A quantidade de um recurso deve ser o número de gatos + 1 e em diferentes cômodos da casa;
  • Falta de manejo/rotina adequados: alimentação, defecação e micção em local inapropriado, falta de enriquecimento ambiental e brincadeiras funcionais, físicas, cognitivas, sociais, alimentares e sensoriais;
  • Passeios, passeios de carro, idas ao veterinário, festas, visitas, a chegada de um bebê, dia de jogos, fogos de artifício, exames, manipulação excessiva, barulhos muito altos;
  • Falta de conhecimento/respeito à linguagem corporal felina e ao espaço dos gatos.

Em cães:

  • Má nutrição;
  • Problemas de saúde/ doenças que geram dor e desconforto físico. Exemplos: problemas gástricos (dentes quebrados/doença inflamatória intestinal), ortopédicos (discopatia/luxação de patela/displasia), dermatológicos (dermatite atópica)  e endócrinos (hiperadrenocorticismo);
  • Privação do comportamento natural da espécie: cães precisam, correr, caçar, perseguir, abocanhar, morder, brincar, lamber, cavar, etc;
  • Em casas com mais de um cão, se houver número reduzido de recursos, o bem-estar emocional pode estar comprometido, pois gerará competição e conflitos: Exemplos de recursos:  pote de água, pote de comida, mordedores, caminhas, casinhas, brinquedos, carinho, o próprio tutor, etc. A quantidade de um recurso deve ser no mínimo a quantidade de cães na casa;
  • Falta de manejo/rotina adequados: alimentação, falta de passeios, falta de enriquecimento ambiental e brincadeiras funcionais, físicas, cognitivas, sociais, alimentares e sensoriais;
  • Passeios, passeios de carro, idas ao veterinário, festas, visitas, a chegada de um bebê, dia de jogos, fogos de artifício, exames, manipulação excessiva, barulhos muito altos;
  • Falta de conhecimento dos sinais de desconforto caninos e falta de respeito à linguagem corporal canina.
  • Como identificar que os pets não estão emocionalmente bem?

    A médica veterinária indica também que os tutores observem os sinais dados pelos animais por meio das linguagens/posturas corporais e expressões faciais dos bichanos. Confira alguns exemplos:

    Sinais de um cão relaxado:

  • Face relaxada;
  • Lábios relaxados;
  • Orelhas relaxadas (nem em pé alerta, nem para trás com medo);
  • Cauda mantida na linha ou acima da coluna, balançando.
  • Sinais de um cão estressado:

  • Corpo abaixado/encolhido;
  • Cauda para baixo;
  • Rosto tenso;
  • Pupilas dilatadas;
  • Sobrancelha enrugada.
 

Sinais de um gato relaxado:

  • Face relaxada;
  • Orelhas para frente;
  • Pupilas em formato de amêndoa;
  • Cauda longe do corpo;
  • Patas e pernas relaxadas afastadas do corpo.
  • Sinais de um gato estressado:

  • Corpo encolhido;
  • Costas arqueadas;
  • Cauda dobrada;
  • Pupilas dilatadas (redondas);
  • Orelhas para trás;
  • Assobiando.
 
  • O site “Fear Free Pets” (“Pets Sem Medo”, em uma tradução livre) tem uma lista de posturas que indicam as emoções dos animais, conforme mostra o Programa de Certificação Veterinária.  A lista se chama “O espectro do medo, da ansiedade e do estresse”.

    Fatores emocionais podem afetar diretamente a saúde física dos pets?


    “Com toda certeza”, garante a especialista. “Da mesma forma que fatores físicos podem afetar a saúde mental dos pets, fatores emocionais poderão comprometer o físico do animal. Por exemplo: o distresse [estresse crônico] caracterizado pela alta e constante liberação do Cortisol [hormônio do estresse] leva à redução da imunidade, abrindo portas para demais doenças.”

    Para os animais de estimação, seja os que passam horas do dia sozinhos, ou mesmo os que têm a constante presença dos tutores, é fundamental ter opções para fugir do tédio e aliviar o estresse, o que é conhecido como “enriquecimento ambiental”, uma forma de fazer com que o pet possa exercitar seus instintos, mesmo dentro de casa. Caról Luz dá algumas dicas neste sentindo:

  • Uso de comedouros lentos funcionais, tabuleiros interativos, forminha de gelo, o próprio pote de ração ao contrário, rolo de papel, caixa de sapato, caixa de ovo, garrafa pet com ração dentro, ração enrolada na toalha, ração escondida em pequenas caixas (de remédio, por exemplo), brinquedos recheáveis (Petball, Kong, Bonequinha,) tapete de fuçar (forrageio), entre outros;
  • Usar a porção de ração para treiná-los (senta, deita, dar a pata, entre outros comandos);
  • Em caso de dúvidas, a especialista em comportamento indica que os tutores procurem a ajuda de um médico veterinário de confiança e que, de preferência, já conheça o histórico do animal.

  • Mordedores naturais (chifre, casco, traqueia, rótula, esôfago, costela, orelha, osso, vergalho de boi; orelha de porco; orelha de coelho, cenoura, chuchu, abobrinha, etc);
  • Mordedores de nylon, flex, soft, de madeira, etc;
  • Plantas atóxicas: capim de milho de pipoca ou alpiste/manjericão/alecrim/camomila/lavanda, etc;
  • Varinhas, arranhadores (sem ser de sisal), caixa de papelão, bolinhas;
  • Lembre-se sempre de monitorar a brincadeira e alternar os brinquedos diariamente para não perderem o valor;
  • Formar pista de obstáculos em casa com almofada/caminha/sapatos e fazer o pet percorrer.

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