25/12/2020 às 08h00min - Atualizada em 25/12/2020 às 08h00min

Representantes de diferentes religiões falam o que significa o Natal para cada uma delas

Para a tradição judaico-cristã ocidental, o Natal remete ao nascimento de Jesus

Rosa Borges / Equipe Belém.com.br
Para os católicos, existe todo um ritual de preparação para o Natal. (Foto: Freepik)
     
O final do ano é um período de muitas festas, celebrações religiosas e confraternizações. Mas, cada grupo social tem sua própria maneira para comemorar, especialmente o Natal, que marca o nascimento de Jesus, segundo a tradição judaico-cristã ocidental. Para entender melhor o significado desta data, o Belém.com.br ouviu representantes de diferentes denominações religiosas para ver como cada denominação festeja esse período.

Preparação

Para os católicos, existe todo um ritual de preparação, com os quatro domingos do Advento, também conhecido como o primeiro tempo do ano litúrgico. Segundo o cônego Ronaldo Menezes, o Natal se divide em duas fases.
 
"Até o dia 16 de dezembro, é a fase do Advento, que nos faz lembrar que está próxima a vinda de nosso Senhor Jesus. O período de 17 a 24 de dezembro é a segunda fase do Advento, com leituras que se aproximam mais do nascimento histórico de Jesus. É um tempo de oração e graça para toda a comunidade. Temos ainda os ritos do Natal. Além dos quatro domingos do Advento, nós temos a vigília do Natal, no dia 24 à noite, que é a grande proclamação do presente que Deus nos dá, que é a vinda do Senhor Jesus. Nesse dia, nós ouvimos as palavras do profeta, o anúncio dos anjos, o nascimento de Jesus em Belém, nos alegramos com esse grande acontecimento e revivemos a história do grande amor de Deus pela humanidade. Já no dia 25, nós temos a celebração deste dia em que Jesus se encontra no meio de nós, de um modo muito especial e para sempre", explica.
 
Símbolos

O cônego destaca ainda alguns elementos que simbolizam esse período natalino. "As cidades se enfeitam de um modo muito exuberante, as casas e igrejas idem. A luz está presente para lembrar que Jesus é a luz do mundo, é a luz da nossa vida. Outro elemento do Natal que lembramos e requalificamos o seu sentido é a árvore de Natal, que deve ser enfeitada por todos da família, até concluir, no dia 24, com aquela estrela grande no topo, para lembrar a estrela de Belém, que anuncia Jesus nascido. Outro elemento importante, que deve estar presente nas casas, é a manjedoura, do presépio, para que as pessoas recordem o quanto isto é uma realidade, e que significa a presença real do Senhor Jesus em nosso meio, não é só um símbolo. Em meio a tudo isso, é bom lembrar que as famílias deveriam se reunir na ceia de Natal, uma reunião bonita, gostosa, festiva, trazendo o sentido do Natal entre nós. Finalmente, devemos retomar a leitura da Palavra de Deus em todos os lares, entre os familiares", reforça.
 
Aproximação

O pastor evangélico Flávio Maia, presidente da Comunidade Cristã no Brasil, de Icoaraci, explica que o Natal, para os cristãos, é o maior símbolo de fé e que representa o nascimento de Jesus, a vinda do Messias para o planeta. "Apesar das pessoas comemorarem no dia 25 de dezembro, não temos a certeza desta data, porém, no meio evangélico, procuramos nos aproximar da essência do Cristianismo. Pois o consumismo chega a tirar a essência do Natal, tirando o foco de Cristo e colocando sobre Papai Noel. O Natal serve como uma grande aproximação de familiares e amigos, é o momento em que as pessoas relembram dos anos passados e dos momentos em que se reuniram com suas famílias e seus amigos. Para nós, a maior essência do Natal é a aproximação com os familiares e amigos. Nos unimos e ceamos ao redor da mesa, lembramos nesse momento dos momentos em que o próprio Jesus se reunia com seus discípulos”, detalha.
 
Matriz africana

Lucas Irain, representante das religiões de matriz africana, conta como se dá a tradição natalina nas Casas de Santo. Ele explica que dentro dos cultos afro-brasileiros, e do candomblé de maneira específica, não existe a ritualística natalina.
 
"Não é uma tradição africana, mas onde é que as Casas de Santo, de Umbanda, do Candomblé, vão começa a adotar o Natal e a sua prática? Com o sincretismo religioso. Todo mundo sabe que na época do Brasil colônia, os negros eram proibidos de tudo, de ter crença religiosa, de ter cultura e a única coisa que os sustentava era a fé, apesar de até esse direito lhes ser negado. Então, para essa fé se manter viva, eles se utilizavam desse recurso. Pegavam as histórias dos orixás e viam quais santos católicos se assemelhavam, surgindo, assim, o sincretismo. E quando chega o Natal, a coisa se repete. Existe, dentro do Tambor de Mina, uma entidade chamada Agodoin de Aladan, que, para nós, é o Jesus Menino. Então, no momento da ceia do Natal, à meia-noite, nós fazemos orações e cantamos pra essa entidade que representa o Jesus Menino. A gente pede pra ele abençoar as famílias, pois o sentido natalino e dessas entidades é trazer para nossa casa a união, o amor, o carinho, o respeito, a harmonia. Pedimos também aos nossos guias que aquele alimento sobre a mesa seja abençoado e nunca falte nada em nossa casa. A gente reza, ora, canta e louva Jesus Menino do nosso jeito, com nossas tradições, com raízes na África", observa.
 
Cores 

Um outro elemento que, para ele, é imprescindível nesta comemoração é o uso das cores no vestuário. "Outra coisa é a vestimenta, de jeito nenhum a gente passa o Natal de preto, mas sempre com uma roupa clara. E a casa tem que estar super limpa, cheirosa, e com defumações. É importante colocar na mesa da ceia castiçais com velas brancas, para trazer a luz para dentro de casa e, aí, a gente apaga a luz elétrica e fica só na luz das velas. É esse o ritual. Mais ou menos assim", conclui.
 
Ensinamentos

O dirigente da Casa Espírita Amigos da Represa, o psicólogo Fernando Pacha, esclarece que os espíritas não se prendem a rituais. "Para o espiritismo, a importância do Natal está ligada aos grandes ensinamentos de Jesus, ao que verdadeiramente consideramos sua real contribuição para o crescimento espiritual da humanidade e que faz diferença no processo de evolução para as próximas reencarnações. Então, o sentimento a que todos são acometidos no Natal, é, na verdade, o que pregamos que fosse uma prática permanente, que pudéssemos ver mais e mais pessoas voltadas à caridade, à ajuda ao próximo, à construção de um mundo mais justo e mais fraterno, onde todos pudessem desfrutar de uma vida mais feliz, apesar de entendermos que os desafios do dia a dia são comuns e naturais ao mundo material e que também fazem parte do exercício de crescimento espiritual e fortalecimento da fé e da esperança. Entendemos que apesar de o Natal trazer também um ‘cunho comercial’, por outro lado, essa data cria uma aura diferente entre as pessoas, nos lares, por todos os lugares", destacou.

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