O centenário Bosque Rodrigues Alves revela muitas histórias da Belém antiga. (Foto: IMS/Gilberto Ferrez)
Belém completa 406 anos de história nesta quarta-feira, 12. Fundada em 1616 pelos portugueses, às margens da Baía do Guajará e Rio Guamá, a cidade do Círio de Nazaré é conhecida local e nacionalmente pelas suas belezas históricas e naturais. A metrópole da Amazônia faz jus ao nome ao disponibilizar para os seus habitantes vastas áreas verdes em meio a crescente verticalização urbana do município. Um desses locais é o “centenário” Bosque Rodrigues Alves.
Situado na avenida Almirante Barroso (antiga estrada de Bragança), o Bosque foi inaugurado como Parque Municipal em 25 de agosto de 1883, numa Belém que pulsava as transformações favorecidas pela extração da borracha. A cidade vivia a “Belle Époque”, expressão cuja origem significa literalmente “Bela Época”.
No estudo de mestrado de Homero Vilar Correa sobre o local, o pesquisador afirma que o espaço era conhecido como “Bosque Municipal do Marco da Légua”, em referência ao primeiro nome do bairro do Marco. O Bosque foi idealizado por José Coelho da Gama Abreu, o Barão de Marajó e presidente da Província do Grão-Pará, que impressionado com o “Bois de Bolongne", um tradicional logradouro parisiense, projetou em Belém uma réplica tropical.
Lendário guardião da floresta, o Curupira.
Foto: Oswaldo Forte
Na administração de Antônio Lemos, intendente de Belém de 1897-1911 e principal responsável pelo desenvolvimento urbano da cidade, o Bosque ganhou algumas de suas principais marcas, como os monumentos das grutas, riachos, cascatas e viveiros, além da ruína do castelo, dos lagos artificiais e das estátuas dos lendários guardiões da floresta (Mapinguari e Curupira).
“Antônio Lemos foi o responsável pela delimitação mais importante do Bosque. Nós sabemos que várias modificações foram feitas, mas acredito que para o Bosque ser esse cartão postal as reformas promovidas por Lemos foram decisivas”, afirma o diretor do Bosque Rodrigues Alves, Alexandre Mesquita.
Erguido em frente à antiga ferrovia Belém-Bragança, o Bosque ganhou seu nome definitivo em 17 de dezembro de 1906, por meio de uma resolução do Conselho Municipal. O nome é uma homenagem a Francisco de Paula Rodrigues Alves, o então presidente da República do Brasil.
Com uma área total de 15 hectares, o Bosque Rodrigues Alves está circunscrito no perímetro da Av. Almirante Barroso, Trav. Lomas Valentinas, Av. Rômulo Maiorana e Trav. Perebebuí. O espaço abriga mais de 10 mil árvores, distribuídas em mais de 300 espécies. “O Bosque é um espaço de resistência da natureza no centro urbano. São 150 mil metros quadrados de floresta nativa dentro de uma capital grandiosa como Belém. O espaço é um ponto importante na história do crescimento de Belém”, destaca o diretor.
Atual fachada do Bosque Rodrigues Alves.
Foto: Joyce Ferreira
Em julho de 2002, o local recebeu o registro de Jardim Botânico da Amazônia. Seis anos depois, ganhou a certificação que autorizava o funcionamento também como Jardim Zoobotânico. Desde então, um dos principais cartões-postais da Cidade das Mangueiras passou a se chamar “Bosque Rodrigues Alves Jardim Zoobotânico da Amazônia”.
Administrado pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o Bosque recebe em média 20 mil visitantes por mês. De acordo com a administração do espaço, existem 435 animais distribuídos em 29 espécies que vivem em cativeiro e outras 29 em liberdade ou semiliberdade.
“Por uma questão de adequação às legislações ambientais, alguns animais não podem ser capturados e trazidos para o Bosque. Os animais que temos atualmente são aqueles que estavam presos e foram trazidos para cá. Além disso, estamos mudando a mentalidade de manter os animais presos, queremos vê-los reabilitados e soltos na natureza”, pontua Alexandre Mesquita.
Atualmente, o Bosque Rodrigues Alves está finalizando a última etapa de uma reforma estrutural no espaço. A previsão de abertura ao público é no final de fevereiro. Mas enquanto esse momento não chega, fica uma certeza gravada na pesquisa de Homero Vilar Correa: o bosque é considerado como um verdadeiro Patrimônio Histórico e Cultural da cidade, por guardar parte da história vivida no momento da economia gomífera em Belém, e um Patrimônio Ecológico por preservar uma parte da floresta Amazônica.