17/11/2022 às 10h43min - Atualizada em 17/11/2022 às 10h43min

Indígenas venezuelanos fazem curso de empreendedorismo digital

O curso é resultado de uma articulação com a Agência da ONU para refugiados

Redação Belem.com.br
Com informações da Agência Belém
Os alunos já trabalham na cadeia produtiva do artesanato e esperam obter recursos para ampliar o acesso ao mercado. (Foto: Mácio Ferreira/ Ag.Belém)
 

Quinze indígenas venezuelanos da etnia Warao iniciaram nesta quarta-feira, 16, o curso de "Empreendedorismo Digital", realizado gratuitamente pela Prefeitura de Belém, por meio do Banco do Povo e do programa de qualificação profissional Donas de Si.

Os alunos já trabalham na cadeia produtiva do artesanato e esperam obter recursos para ampliar o acesso ao mercado. Eles residem em Belém, alguns nos abrigos municipais administrados pela Fundação Papa João XXIII.

O curso é resultado de uma articulação com a Agência da ONU para refugiados (ACNUR) e do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB). As aulas são ministradas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).


Oportunidade

"Agradeço a todas as pessoas que organizaram esse curso", diz o indígena Avilio Cardoso, de 28 anos. "Vamos estudar empreendedorismo digital. Estou muito contente, vou aproveitar a oportunidade, porque quero seguir adiante e aprender mais para melhorar de vida e poder ajudar outras pessoas".

Há três anos Avílio mudou-se para Belém com a esposa e a sobrinha e mora com ela no abrigo da Funpapa, no bairro do Tapanã.


Melhores condições

Outra aluna, a indígena Elisa Margarita Gonzales, de 26 anos, chegou há apenas sete meses na cidade, com dois filhos. Ela veio em busca de melhores condições de vida e reside em uma comunidade com outros Warao na ilha de Outeiro. Mas ela fala pouco o idioma português.

Os alunos estão sendo acompanhados no curso pelo tradutor Rafael Chagas. "Desde o final de junho, eles estão aprendendo o português instrumental. Alguns já estão aqui há muito tempo e conseguem ter uma compreensão grande do idioma, mas algumas coisas acabam escapando ao entendimento. Estou aqui para ajudá-los a ter uma compreensão do curso", explicou o tradutor.

A coordenadora-geral do Banco do Povo, Georgina Galvão, destacou que o aprendizado acontece por meio do contrato firmado entre a instituição e o Senac: "Vários deles têm no empreendedorismo individual as fontes de sobrevivência e buscaram apoio do Banco. Oferecemos a possibilidade de qualificação profissional por meio do contrato que temos com o Senac, que oferece a estrutura de ensino moderna. Além de trabalhar de forma intersetorial com a Funpapa, estamos inaugurando uma ótima parceria com a ACNUR e com o IIEB", disse Georgina. 


Bolsa

A ACNUR garantiu uma bolsa para que os indígenas abrissem mão de outras atividades laborais para poder participar do curso. 

Tamajara da Silva, assistente sênior de campo da ACNUR Belém, explica que o curso visa a fortalecer as atividades de empreendedorismo já identificadas pelo IEEB, que há cerca de um ano desenvolve atividades de geração de renda com os Waraos.

"Hoje a venda deles é realizada basicamente nas feiras de Belém", informa Tamajara. "Com o curso, o objetivo é dar outras ferramentas para que eles possam expandir os negócios".

"Esse curso foi pedido pelos indígenas Warao", explicou Elyene Souza, psicóloga do Centro de Inclusão Produtiva da Funpapa. "É muito importante que a atividade laboral faça sentido para eles. Enquanto assistência social, estamos todo o tempo acompanhando. É importante que eles consigam, por meio do empreendedorismo digital, fazer com que o trabalho deles seja reconhecido aqui em Belém", .


Curso

O instrutor Rigel Abdala explicou que vai ensinar ferramentas do marketing digital para auxiliar os alunos na constituição do próprio negócio e também na autonomia no mercado.

"Vamos ensinar conceitos iniciais de empreendedorismo e marketing para depois expandir para o digital", explicou Rigel. "Vamos mostrar algumas ferramentas que podem ser utilizadas, desde redes sociais até aqueles videoblogues que a gente vê na internet. Isso possibilita desde meios de visibilidade mais simples, como um perfil no Instagram para a aproximação do empreendedor com o mercado e o cliente, assim como os próprios blogues em que eles podem contar a própria história, tirar dúvidas e contar curiosidades sobre a cultura e o modo como eles vivem", conta o professor.

O curso terá aulas de segunda a sexta-feira, das 13h30 às 17h30, até o próximo dia 13 de dezembro, no Centro de Educação Profissional Belém (CEP Belém), do Senac.

A turma de indígenas Warao inaugura o novo ambiente da instituição, o Espaço Multimeios Didáticos, que é equipado com recursos computacionais para uso dos alunos, como notebooks e tablets, projetor, um quadro interativo equivalente a uma tela de celular gigante e óculos de realidade virtual.

"Tudo isso para oferecer um ambiente novo de tecnologias de informação em prol da formação do aluno enquanto profissional, mas também de prepará-lo para a vida em sociedade", explica Rigel.


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