04/05/2023 às 09h52min - Atualizada em 04/05/2023 às 09h52min

A Pequena Sereia: Por que Halle Bailey é a melhor escolha para o live-action da Disney

Releitura da animação clássica trará visual realista para jornada de Ariel

Com edição da Redação Belem.com.br
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Desde que Halle Bailey foi anunciada como a estrela de A Pequena Sereia, o mundo, mais uma vez, se dividiu entre os fãs da personagem que torceram o nariz contra a escalação e parte da audiência que deu boas-vindas à jovem cantora para a versão live-action do clássico.


O projeto faz parte de uma reformulação da Disney com diversas produções do estúdio. Há alguns anos, a empresa iniciou essa onda de novas versões com Alice no País das Maravilhas, sob direção de Tim Burton. Os anos seguintes trouxeram releituras de Cinderela, Mogli: O Menino Logo, A Bela e a Fera, Dumbo, Aladdin, O Rei Leão, Mulan, A Dama e o Vagabundo e Pinóquio. Em conjunto, projetos focados em outros personagens clássicos do catálogo, como Malévola e Cruella, também participaram deste fluxo.


A ideia não é apenas parte do conceito de apresentar clássicos para novas audiências, mas também reafirmar personagens no imaginário popular a fim de preservar direitos de uso no mercado e popularizar franquias em outras mídias - de brinquedos a jogos eletrônicos.


Além disso, existe a cultura da própria indústria. Basta olhar os principais lançamentos de cada ano: há uma fileira de remakes, reboots, revivals, adaptações, entre outros. Está cada vez mais difícil conhecer produções originais - e isso não é um problema apenas do cinema ou da TV, mas da cultura pop em geral.


O bom de trazer personagens icônicos aos moldes atuais é poder sempre permitir que erros do passado sejam superados, histórias ganhem outras nuances e perfis diversos sejam incluídos em universos fantásticos onde o padrão sempre foi eurocêntrico. Dessa forma, há, sim, bons motivos para que essas narrativas sejam recontadas, contanto que o olhar esteja na direção certa.


A Ariel de Halle entra em alguns dos pontos citados, como, por exemplo, apresentar a principal sereia da Disney como uma garota negra. Por que não? Diferente de princesas como Mulan e Tiana, que tem suas tramas arraigadas em suas culturas e etnias, a personagem poderia ser, muito bem, de qualquer outra cor e, ainda assim, manter a essência apaixonada pela vida como é visto na animação de 1989.


A beleza da diversidade


Mesmo com todo o apoio da própria Disney e figurões de Hollywood, ainda existem muitas pessoas que discordam dessa escalação. No entanto, existem outros pontos curiosos que podem ser brevemente citados aqui. Primeiramente, Ariel é uma sereia, um ser mitológico do mundo da fantasia e parte do folclore de diferentes culturas. Sua retratação é abstrata além do fato de ter uma cauda, e até mesmo esse aspecto corporal é relativo.


Há também um apego na inspiração direta da personagem da Disney, que parte do trabalho de Hans Christian Andersen, a base para o desenvolvimento da narrativa. Mas se formos levar isso em consideração, na própria obra original não há uma definição exata sobre a cor da pele da protagonista, apenas que ela "era clara e delicada como uma pétala de rosa". Até aí, existem infinidades de tom de pele entre as mais variadas etnias.


A sua primeira aparição como a personagem fez com que inúmeras crianças e jovens mundo afora se sentissem representados. Há uma sequência de registros em que pequenas garotas negras se emocionam ao ver os poucos segundos de cantora como Ariel. E é neste lugar em que a sua escalação também faz sentido - no espaço de representar e mudar a concepção do público para as possibilidades distintas. Afinal, se olharmos o passado da Disney, a maioria das princesas tem um estilo muito semelhante entre si.


Como afirma bell hooks no livro Olhares negros: raça e representação, “as imagens que consumimos na mídia de massa continuam a apresentar ao público global as mesmas velhas representações prejudiciais”. Chegou o momento de mudar isso - e a presença de Bailey é um caminho para tal.


“Quero que a garotinha em mim e as garotinhas como eu que estão assistindo saibam que são especiais e que devem ser uma princesa em todos os sentidos”, disse Halle à Variety. “Não há razão para que não sejam. Essa segurança era algo que eu precisava.”


Sobre a onda de ataques racistas que a atriz vem recebendo, a mesma tem um método interessante para vencê-los - e o conselho veio diretamente da Queen B, Beyoncé. "Como uma pessoa negra, você só espera isso e não é mais um choque", disse a atriz na reportagem de capa da revista The Face. "Eu sei que as pessoas pensam: 'Não se trata de raça'. Mas agora que eu sou ela... As pessoas não entendem que quando você é negro há toda essa outra comunidade. É muito importante para nós nos vermos [neste lugar]."


"Quando [Chlöe e eu] assinamos pela primeira vez com a Parkwood, Beyoncé sempre dizia: 'Eu nunca li meus comentários. Nunca leia os comentários'. Honestamente, quando o teaser saiu, eu estava na D23 Expo e fiquei muito feliz. Eu não vi nada de negatividade."


Em poucas semanas, a partir de 25 de maio, Ariel de Halle Bailey vai despontar nos cinemas. Apesar dos diversos motivos citados neste texto, será na sala escura o momento investigar o porquê ela foi a melhor escolha para o live-action de A Pequena Sereia e como sua emoção contagiante, vista nas prévias, ganhará novas nuances na releitura.


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