22/06/2023 às 10h56min - Atualizada em 22/06/2023 às 10h56min

Febre maculosa pode ser perigosa para cachorros? Entenda o risco

Doença infecciosa bacteriana, a zoonose transmitida por carrapatos pode ser fatal se não tratada rapidamente

com edição da Redação Belem.com.br
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Durante o mês de junho e com a chegada do inverno, casos de febre maculosa chamaram a atenção quando pessoas que compareceram a eventos na cidade de Campinas, interior de São Paulo, morreram após serem infectadas pela doença , de acordo com a Secretaria de Saúde de Campinas.

Considerada uma  zoonose de alta periculosidade, seus sintomas são relativamente comuns, como febre, dores de cabeça e dores musculares. Por isso, a doença deve ser tratada o quanto antes para que tenha maiores chances de cura.

Os casos recentes, como não poderia ser diferente, deixaram muitas pessoas assustadas, o que acendeu um alerta também nas ONGs de proteção animal, já que muitos animais silvestres, como a capivara, são apontados como os principais portadores da doença. Contudo, eles não são transmissores da febre maculosa.

Confira informações do médico-veterinário Márcio Barboza, da MSD Saúde Animal, e do especializado em doenças infecciosas e parasitárias Fabio Navarro, da Pet Care, que explicam como a doença é transmitida e seus principais sintomas, tratamentos e prevenção.

O que é a febre maculosa?

A doença é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia , que é  transmitida por meio da picada de carrapatos do gênero Amblyomma, como os Amblyomma sculptum e Amblyomma cajennense , mais conhecidos como carrapato-estrela, que são comuns em ambientes rurais.

O que poucos sabem é que os carrapatos comuns em ambientes urbanos, como o Rhipicephalus sanguineus , conhecido como carrapato marrom (ou carrapato do cão), também podem ser transmissores da febre maculosa, tanto para os pets, quanto para os humanos.

“O carrapato do cão pode, sim, transmitir a febre maculosa e pouca gente sabe disso. A administração de um medicamento ectoparasiticida (contra pulgas e carrapatos)  é simples e deve ser um hábito, já que ajuda a proteger os pets e a família de diversas doenças, como a famosa “ doença do carrapato ”. Por isso, é muito importante que os tutores apostem nesses produtos como medida preventiva”, afirma Márcio.

Em 2022 foram registrados cerca de 190 casos em todo o Brasil, entre os quais 25 foram somente na região sudeste do país - sete apenas no estado de São Paulo, segundo dados do Ministério da Saúde.
Animais não são transmissores da doença para seres humanos

É importante saber que o contato com um animal infectado não é capaz de transmitir a doença para seres humanos.

“Na natureza, alguns animais silvestres mantêm a circulação da bactéria, como o gambá, guaxinim e a própria capivara. Então, na natureza, a Rickettsia circula nesses animais, e o carrapato que eventualmente contrai esse agente etiológico e o traz para o ambiente domiciliar acaba sendo a sentinela para a doença humana”, diz.

Navarro afirma ainda que a única maneira de se transmitir a doença naturalmente é por meio de um vetor, ou seja, pela picada de um carrapato (semelhante à transmissão da dengue pelo mosquito Aedes aegypti ).

“Esse é um ponto extremamente importante da febre maculosa, a única maneira de se transmitir naturalmente seria pelo vetor, que seria um carrapato picando um animal ou ser humano infectado, se infectando, e posteriormente picando um outro mamífero. Seja outro ser humano ou outro cão”, aponta Navarro.

Os principais sintomas

Navarro diz que o nome “febre maculosa” está relacionado com o termo mácula, que se refere a mancha. “Há um quadro febril que traz uma série de manchas pelo corpo, sendo essa a principal manifestação clínica em seres humanos e em cães”.

Barboza acrescenta que os pets estão suscetíveis a sintomas como letargia, perda de peso, lesões hemorrágicas (manchas), inchaços pelo corpo, vômito e diarreia. Para os gatos, Barboza afirma que eles também podem ser infectados – visto que foram detectados anticorpos -, mas não há relatos da doença.

Ao identificar qualquer um dos sinais no animal, o tutor deve levá-lo até um médico-veterinário imediatamente para que o profissional possa analisar e, uma vez identificado o problema, indicar o melhor tratamento.

Prevenção, diagnóstico e tratamento

Navarro aponta que o carrapato se multiplica de maneira intensa durante os meses quentes e chuvosos , mas são nos  meses mais frios e secos que há uma maior concentração desses parasitas. “Então a doença é endêmica, por exemplo, no estado de São Paulo, é mais comum entre junho e novembro”, diz.

Ainda não existe  vacina contra a febre maculosa, porém, pode ser tratada.

“Existe um tratamento específico”, afirma Navarro. “Existe diagnóstico específico, sorológico, molecular. Mas, o mais importante quando se aborda a febre maculosa é a prevenção, é a profilaxia.”
Navarro destaca a importância da profilaxia de carrapatos, com o uso de ectoparasiticida para o controle de pulgas e carrapatos, que deve ser prescrito por um médico-veterinário de maneira individualizada para cada animal.

“O contato direto entre uma pessoa e um animal infectado não favorece a transmissão da doença, é preciso que exista um vetor”, ressalta Navarro. “O grande problema que deve ser controlado é o carrapato! Por isso a importância da profilaxia, não somente pelo bem do animal, como do tutor”, completa. 
 

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