05/07/2023 às 08h24min - Atualizada em 05/07/2023 às 08h24min

Pará é exemplo de produção sustentável de cacau

Como o maior produtor do fruto no Brasil integra geração de emprego e renda à preservação da floresta

com edição da Redação Belem.com.br
Agência Pará
Agência Pará
Uma das melhores amêndoas de cacau do Brasil saem  de um sítio na rodovia Transamazônica, no município de Brasil Novo, na região de integração do Xingu. A produção é da agricultora e chocolatier Verônica Preuss, catarinense que chegou ao Pará em 2009 com a família. Nos últimos 14 anos, a plantação saiu de três para dez mil pés do fruto. 

“Nossa produção foi desde o início com a preocupação com a conservação do solo e das matas. Pois recuperamos uma área de pastagem já degradada plantando o cacau. Em seguida não usamos a queimada para outra área. Inclusive, mantivemos muitas árvores nativas tendo essa área como SAFs”, explica Verônica. 

SAFs é a sigla para sistemas agroflorestais. Os SAFs otimizam o uso da terra, conciliando a preservação ambiental com a produção de alimentos, conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para a produção agrícola. Os sistemas têm vantagens ecológicas e econômicas e podem ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas.

A expansão sustentável da propriedade da Verônica é um exemplo de como o cultivo da principal matéria-prima do chocolate tem integrado geração de emprego e renda à preservação da floresta. A cultura feita em plantação de áreas degradadas, por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais, tem como resultado a recuperação dessas áreas, com a redução do fogo e do desmatamento na região.

Números do cacau paraense

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2020 e 2021, o Brasil produziu 270 toneladas de amêndoas de cacau, sendo 150 mil produzidas na região norte. O Pará é o maior produtor nacional, responsável por 96% do total regional. O fruto movimentou cerca de 2 bilhões de reais no Estado, em 2020. 

Segundo nota técnica da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa) sobre a produção cacaueira paraense, no contexto das Unidades Federativas do país, apenas 9 Estados são produtores de cacau (amêndoa), sendo o Pará o detentor de quase 145 mil toneladas o que corresponde a mais de 53% de toda produção nacional. 

“O Pará tem uma terra boa para esse tipo de plantio. Por ser um cultivo que depende de mão de obra, ela faz girar a economia local e da região, e agora está também despontando como um potencial produtor de chocolates finos, com várias pequenas empresas já se estabelecendo e gerando empregos e renda. Com isso ganha o produtor, que tem valor na matéria-prima e verticalizando a sua produção, e ganha o consumidor, pois terá um produto de qualidade, o chocolate artesanal fino”, reforça a agricultora e chocolatier Verônica Preuss, premiada nacionalmente tanto pela produção de amêndoas, quanto pelo chocolate produzido no sítio da família. 

De onde vem o cacau paraense

Natural das áreas de várzea, especialmente da região de integração do Baixo Tocantins, mas foi na região da Transamazônica, com os plantios em terra firme, que o cultivo do cacau ganhou maior expressão no Pará. 

Ainda segundo estudo da Fapespa, no contexto dos 10 municípios brasileiros que mais produzem cacau, observa-se forte dominância daqueles que compõe a região de integração do Xingu, com destaque para os municípios de Medicilândia, Uruará, Anapu e Placas, os quatro maiores produtores do país. Há ainda as cidades de Brasil Novo e Altamira. Juntos, os municípios do Xingu representaram quase 40% de toda produção nacional, em 2020. Medicilândia, o maior produtor nacional, correspondeu a 18,6%. 

Incentivo e proteção da floresta

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap) desenvolve um projeto de internacionalização de amêndoas que incentivo o beneficiamento primário de cacau, com o objetivo de melhorar a qualidade das amêndoas e assim conseguir melhores preços nos mercados nacional e internacional.

“Este incentivo é concedido às instituições públicas e privadas através de recursos financeiros do Funcacau – Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura Paraense, proporcionando que produtores conquistem prêmios de melhor amêndoa tanto a nível nacional quanto internacional”, explica o engenheiro agrônomo e coordenador do projeto Procacau, Ivaldo Santana.

Outra etapa do projeto é a promoção, divulgação, identificação de mercados através de missões nacionais e internacionais, comercialização de amêndoas em feiras e rodadas de negócios, com a execução de dois festivais internacionais de cacau no Estado. Há ainda um projeto de Indicação Geográfica que está em execução nas regiões da Transamazônica e Baixo Tocantins. 

Ainda segundo o engenheiro agrônomo, o Estado atua como promotor da expansão sustentável do cacau em diferentes eixos, como a produção de sementes híbridas, que são distribuídas gratuitamente aos produtores, na recuperação de áreas degradadas com o plantio de cacau em SAF’s, tendo a cultura do cacau como o componente principal, e outros serviços. 

“Hoje o cacau é utilizado para recomposição de áreas de reserva legal (Instrução Normativa Semas/Ideflor-Bio) mediante plantio de cacau (Theobrama cacao L.) em Sistemas Agroflorestais, e também as ações voltadas para a captura/sequestro de carbono, objetivando incrementar a renda da propriedade com a comercialização de CO2”, complementa Ivaldo Santana.
 

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