21/05/2021 às 11h45min - Atualizada em 21/05/2021 às 11h45min

As fases da história do teatro paraense

O jeito paraense de fazer artes cênicas

Fernando Matos

Fernando Matos

Fernando Matos é ator, autor, diretor teatral e professor. Sua paixão por teatro surgiu desde a infância.

Fernando Matos
As fases da história do teatro paraense (Foto: Oswaldo Forte/Agência Belém)


No início do século XVII, o teatro no Pará, seguindo os moldes europeus, desembarca junto com os missionários e colonos daquele continente, com a função de evangelizar e entreter as famílias economicamente privilegiadas da Província.

Em 1878, já na famosa época do conhecido “Ciclo da Borracha”, Belém viveu um período de grande produção com a construção do Theatro da Paz, com as grandiosas apresentações de belíssimas óperas vindas diretamente do sudeste do Brasil.

Mais tarde, no século XX, nasce o teatro popular, criado pelas comunidades que não tinham condições de formar plateias nos teatros oficiais. É quando surgem os Pássaros Juninos, com apresentações realizadas durante os festejos do Círio de Nazaré.

O Teatro dos Estudantes em 1919 se revela, mas sem grandes apelos na comunidade. Em 1941, ganha destaque pela iniciativa de produção teatral em Belém, a professora Margarida Schivasappa que inaugura a Escola Norte Teatro, dando a oportunidade aos amantes do Teatro de se desenvolverem na Arte.

Em 1963 é a vez de surgir a Escola de Teatro da Universidade Federal do Pará, uma nova maneira de estudar e fazer teatro contemporâneo em Belém.

Empenhados em transformar as artes cênicas em Belém, no final da década de 1960, surge o grupo TABA – Teatro Adulto de Belém Adulta, contando com artistas locais que começam a repensar o fazer teatral, levando aos palcos da cidade, preferencialmente, histórias sobre a Amazônia com obras produzidas por autores paraenses exaltando a cultura do estado, valorizando as tradições culturais, conhecidas na época como regionalismo.

Em 1969 é formado, por grandes artistas locais, o Grupo Experiência, que a partir de 1980, produziu diversos e belíssimos espetáculos, como ”Foi Boto Sinhá” e “Ver de Ver-o-Peso”, peça apresentada até hoje.

 

A década de 70 presenciou-se o surgimento do grupo Cena Aberta, fundado em 1976, organizado por artistas recém-formados da Escola de Teatro dentre eles a professora Zélia Amador de Deus, além de outros como Luís Otávio Barata e Walter Bandeira que, através dos seus trabalhos, estabeleceram importantes mudanças teatrais na cidade, clamando pela criação de novos espaços cênicos, como o Anfiteatro da Praça da República e o Teatro Experimental Waldemar Henrique, em 1979.

 

O Grupo Cuíra surgiu em 1982 com diversas atividades na área teatral paraense. A partir de 1995, passou a contar com a orientação de Cacá Carvalho que veio a Belém para dirigir “Nunca houve uma mulher como Gilda” “Convite de Casamento”, “Toda minha vida por ti” entre outros como “PRC-5 - a voz que fala e canta para a planície”, sobre os 80 anos da Rádio Clube do Pará (A 1° rádio da região norte), com direção de Wlad Lima e Karine Jansem.

 

Fundada em 1995, a Sociedade Civil Grupo de Teatro Encenação Cultural do Pará tem como finalidade trabalhar em prol da educação cultural do povo paraense.

Com um vasto repertório de espetáculos publicados, o grupo Encenação, como é conhecido, se especializou em montagens voltadas para o público infantil, mas traz, também, em sua bagagem artística, espetáculos como “Vamos à feira”, “O Noviço”, “Cabanos – Uma Viagem no Tempo” e o regional “Muito Além da Lenda”, um tributo ao grande maestro paraense Waldemar Henrique.

Sob a direção do professor, ator e dramaturgo Fernando Matos, o grupo vive a arte paraense e amazônica há mais de 20 anos e atua com sentimento de promover a paz e a comunhão entre as raças através da arte dramática.

 

As diversas fases do teatro paraense, nascido e criado nesse complexo cultural, dançado de verdades e centrado na alegria como forma absoluta de resistência humana, desde os áureos tempos da belle époque, com formas variadas de humor e esperança, aparecem com mais força nos tempos atuais.

Este equilíbrio cultural através dos tempos nos fornece a oportunidade de estabelecer padrões coerentes, numa visão integrada da cultura nas complexas áreas de desenvolvimento, inovação, diálogo e coesão social.

 
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