22/03/2023 às 14h30min - Atualizada em 22/03/2023 às 14h30min

Pânico 6

Franquia que satiriza os filmes Slasher chegou ao seu sexto filme

Bruno Balieiro Cruz
Mas ela conseguiu isso sem se tornar o que critica? 

Crítica SEM e COM Spoiler:

Pânico é uma das mais influentes e queridas franquias de terror das últimas décadas. O primeiro filme de 1996, dirigido pela lenda do terror Wes Craven, era uma grande sátira aos filmes Slashers (um filme com um assassino mascarado) da época. Com um roteiro bem construído e afiado com ótimas críticas, além de uma ótima direção, esse filme logo se tornou um clássico e até reviveu naquele momento esse gênero.


Claro que com o sucesso, as continuações são sempre esperadas e trazem em seu conteúdo algo a falar sobre o universo dos filmes de terror. O segundo filme, de 1997, satirizava continuações. O terceiro, em 2000, falava sobre trilogias e as suas conclusões. O quarto, que só veio em 2011, tratava de um remake com uma boa subversão no final. Já o quinto de 2022, vinha com muita expectativa, pois era o primeiro sem envolvimento do Wes Crave, que tinha falecido em 2015. Mesmo assim, a dupla de diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett conseguiram manter a franquia com uma ótima qualidade, num filme que introduz um novo elenco que iriam carregar o legado dos filmes anteriores, em uma trama ainda mais tensa e brutal.


Vale falar que nesses 5 filmes, Pânico consegue ser uma franquia que não possui filmes ruins de verdade.

 
Mas, afinal, nesse sexto filme, a franquia ainda se mantem boa? 


Muitos outros filmes como Hora do Pesadelo e Massacre da Serra Elétrica, quando chegaram nessa marca já estavam com filmes cada vez mais absurdos. E se você está lendo isso até aqui, tudo bem, essa é a parte sem spoiler.


A verdade é que, não foi porque Pânico de 2022 foi bom, que os fãs tinham confiança nesse. É só comparar com o que houve na franquia Halloween na sua ultima trilogia, que um filme foi logo ficando pior que o outro. Porém, isso não acontece aqui. Pânico 6 continua mantendo a qualidade dos seus antecessores.


Na trama, um ano após os eventos do último filme, as irmãs Sam e Tara, respectivamente Melissa Barrera e Jenna Ortega, se mudaram para Nova Iorque junto a seus amigos, também sobreviventes, os gêmeos Chad e Mindy (Mason Gooding e Jasmin Savoy Brow). Porém, logo um novo e mais brutal Ghostface aparece atrás deles. Os personagens vão precisar unir forças com seus novos e antigos aliados para sobreviverem, mas sem saber em quem podem confiar de verdade.


Em questões técnicas e direção, o filme tem uma ótima qualidade. Seu maior ponto forte está na criação de tensão e nas cenas brutais. As atuações também estão muito boas. Samantha ganha ainda mais desenvolvimento em seus traumas e na relação com sua irmã. Tara também ganha muito mais destaque na história, mostrando como ela lida com essa grande mudança em sua vida e desenvolve um ótimo relacionamento com o Chad, que também ganha mais importância, assim como sua irmã Mindy, que tem um papel importante de ser a expert em cinema de terror e, de longe, é a mais carismática dos personagens. Fora eles, a personagem da Gale Weather (Courtney Cox) volta aqui, marcando como a única personagem presente em todos os filmes, mantendo a ótima performance que tem ao longo da franquia. Outro retorno bem vindo é o da Kirby Reed (Hayden Panettiere) do quarto filme, que não só é uma ótima personagem, como não parece deslocada da trama.

 
Mas então Pânico 6 se consagra com um dos melhores filmes da franquia?


Bem, como um filme de terror, sim esse é um filme muito bom que marca bastante e super recomendo você ir ver sem saber nada. Porém, em comparação a franquia, esse o roteiro não é bem aproveitado e desperdiça muita coisa boa que o tornaria o melhor filme da franquia. E atenção aqui! Chegou a hora dos spoilers.


Pânico sempre se destacou por seus roteiros bem críticos e bem amarrados. Claro que outros filmes, como o segundo e o terceiro, também erraram nessa parte. Então, esse já é bem melhor que esses, mas vendo em comparação aos outros como o primeiro, quarto e o seu antecessor, esse fica devendo um melhor desenvolvimento nesse item. Aqui tem boas ideias como o começo com um ghostface falso que te surpreende e tá para pensar que o filme vai ir por um caminho quebrando as “regras do terror”, porém não é o que acontece.


O filme mais uma vez zera todo desenvolvimento da Gale, o que para um fã de longa data é algo irritante. Fora não ter a mesma coragem do anterior de realmente matar alguém do clássico. Isso não seria um problema se essa falta de coragem não envolvesse também grande parte do elenco principal, que o roteiro força para você acreditar que saíram vivos de uma determinada situação.


O filme também não consegue trabalhar bem o mistério do novo Ghostface, pois não se permite plantar dúvida sobre certos personagens e a resposta é a mais óbvia possível, além de serem talvez um dos piores vilões dos filmes em questão de motivação. E o maior pecado para a franquia é não utilizar bem da metalinguagem, algo que é a raiz de tudo que torna a franquia tão boa.
Mas mesmo com tudo isso que falei de ruim no filme, ele ainda é algo muito bom para se assistir e mostra que com cuidado uma grande franquia pode sim manter a qualidade dos seus filmes, resta saber se realmente esses filmes vão para um sétimo filme e se vão conseguir manter essa qualidade.
Nota: 8.5/10.0

CREDITOS NA IMAGEM

Foto por Photo Credit: Philippe Bossé/Philippe Bossé - © 2023 PARAMOUNT PICTURES. ALL RIGHTS RESERVED.
Foto por Photo Credit: Philippe Bossé/Philippe Bossé - © 2022 Paramount Pictures. Ghost Face is a Registered Trademark of Fun World Div., Easter Unlimited, Inc. ©1999.​

 

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