29/10/2022 às 09h17min - Atualizada em 29/10/2022 às 09h17min

Dia Mundial de combate ao AVC é comemorado neste sábado (29)

O AVC afeta mais de 17 milhões de pessoas ao ano no mundo

Redação Belem.com.br
O AVC afeta mais de 17 milhões de indivíduos ao ano no mundo.(Foto: Divulgação)

                                                                                                                     
A administradora Neide Russo, de 52 anos passou mal no trabalho em setembro deste ano e foi levada às pressas pelos colegas ao hospital com fortes dores de cabeça e vômito. Bastaram alguns exames para constatar que ela tinha sido vítima de um AVC. Após um período na UTI e quase dois meses depois, ela já está em casa se recuperando. “Foi como nascer de novo. Deus me deu uma segunda chance de vida”, afirma.  

O AVC é uma emergência médica. Se achar que você ou outra pessoa está tendo um, é preciso dirigir-se com urgência ao serviço de emergência do hospital mais próximo para um diagnóstico completo e tratamento.

Engajado na Campanha de combate ao AVC 2022, que está ocorrendo de 24 a 29 de outubro,  o Portal Belém conversou com o médico neurologista Erick Paschoal, referência no tratamento da doença no País. Ele relata  os fatores de risco para que a população possa levar uma vida mais saudável e afastar de vez essa ameaça.

Porta Belém: O que é um AVC?

Dr. Erick - O AVC ocorre quando há comprometimento dos vasos sanguíneos cerebrais que podem ocasionar a falta de sangue com oxigênio e nutrição para o tecido do cérebro.

- A causa primária de disparo e a instalação de um quadro de AVC é um processo inflamatório crônico que em um dado momento se torna agudizado com comprometimento de funções cerebrais.

- Com isso os neurônios daquela região afetada morrem, determinando sequelas ou até morte do paciente

- Também conhecido como derrame cerebral, habitualmente ocorre de forma súbita
 
Portal Belém: Quais os tipos mais comuns de ameaça?

Dr. Erick- São dois: um isquêmico que ocorre em 85% das vezes, determinando o entupimento das artérias cerebrais. Neste caso 90% dos casos podem ser evitados.

- O outro tipo é o hemorrágico que se instala pelo extravasamento do sangue para o tecido cerebral. Neste tipo, existe uma divisão de dois subtipos: um intra-parenquimatoso (que ocorre diretamente no tecido cerebral) causado pelos níveis de pressão arterial muito elevada, representando 10% dos casos.

- Enquanto o outro subtipo hemorrágico é conhecido como sub-aracnoídeo (meníngeo) o qual ocorre na grande maioria associado com um aneurisma cerebral rompido e possui a maior chance de mortalidade entre todos os casos de AVC.
 
Portal Belém: Qual o impacto do AVC na comunidade?

Dr. Erick- O AVC afeta 1 a cada 4 pessoas (cerca de 25% da população será afetada por um AVC em algum momento da vida).

- A doença é incapacitante e representa a principal causa de comprometimento funcional no mundo.

- O AVC afeta mais de 17 milhões de indivíduos ao ano.

- A cada 1 hora são 11 óbitos por AVC, atingindo 6,5 milhões de morte ao ano.

- Aumento com a pandemia de COVID-19 de causas de óbito por AVC em 2020 e 2021 entre jovens de 20-59 anos de idade. O aumento ocorreu de 2019 com 17,2% para 18,5% em 2020 e subiu para 22,2% em 2021.
 
Portal Belém: Quais os fatores de risco que podem determinar um AVC?

Dr. Erick- O impacto do AVC é intangível, por isso prevenir é a melhor forma de se combater o AVC.

- 90% das causas são evitáveis e entre elas destacam-se as modificáveis, em que se pode interferir evitando o evento agudo, tais como:

a) Controle da pressão arterial alta
b) Controle da glicemia no sangue (diabetes mellitus)
c) Evitar o sedentarismo (praticar exercícios físicos)
d) Reduzir o stress emocional
e) Melhorar a alimentação com mais verduras e legumes
f)  Reduzir o colesterol no sangue
g) Reduzir o consumo de bebida alcóolica
h) Não ao tabagismo
i) Controlar problemas do coração como arritmias cardíacas
j) Não ao uso de drogas ilícitas e medicamentos como contraceptivos orais
k) Controle da apneia do sono (evitando roncos noturnos)
l) Profilaxia da enxaqueca com aura
m) Controle do peso evitando obesidade

-Entre os fatores não modificáveis - destacam-se doenças genéticas, tais como: displasia fibromuscular, anemia falciforme, policitemia, entre outras…
 
Portal Belem: Durante o período da pandemia de COVID-19 ocorreu um aumento do número de casos de AVC, existe alguma relação?

Dr.Erick- Sim, porque assim como o AVC na era pré-pandemia de covid19 como durante pela ação do coronavírus o processo inflamatório nas pessoas afetadas aumentou muito pelo mecanismo de ação do vírus.

- Isso ocorreu tanto porque existia um tropismo do mesmo pelo sistema nervoso central.

- Como também pelo gatilho que o vírus estimulou em relação a cascata inflamatória tanto determinada por sangramento como por isquemia nos vasos arteriais como também pelo estimulo do vírus sobre as veias determinando coagulação aumentada do sangue.

- Sendo assim, o coronavírus aumentou a chance de indivíduos mais predispostos ter AVC tanto com os fatores de risco presentes como aqueles que teoricamente apresentassem menos chances, talvez devido a predisposição genética para aumento da inflamação.
 
Portal Belém: Os idosos são predispostos a desenvolver AVC?

Dr. Erick- Sim porque possuem o processo natural do envelhecimento e com isso são mais inflamados e com maior tendência a desenvolver a agudizado de uma doença que cursa com inflamação .
 
Portal Belém: Quais são os sinais de alerta do AVC se instalando?

Dr. Erick-  Diante de uma pessoa com dificuldade de falar

- Abraçar por fraqueza em um dos lados corpo, ou desvio da boca para um lado ou dificuldade para cantar ou falar ou compreender algo

- Estaremos diante de três sinais de alerta importantes para um AVC

- Outros pouco comuns uma crise de convulsão e a perda da consciência
 
Portal Belém: Como é feito o diagnóstico?

Dr.Erick- Através de um exame de imagem conhecido como tomografia computadorizada cerebral.
 
Portal Belém:  O que acontece após um AVC?

Dr. Erick- As principais alterações emocionais que podem acorrer após o AVC:

– Depressão: o paciente recorrentemente sofre com alterações do humor caracterizadas por tristeza profunda associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e apatia, situação em que a pessoa perde a energia para realizar as atividades do dia a dia.

– Impulsividade: a pessoa age de maneira imprudente, sem pensar e calcular suas ações, podendo trazer riscos para si mesmo.

– Reações catastróficas e labilidade emocional: o paciente apresenta explosões emocionais, como choro repentino, raiva, agressividade, riso incontrolável ou crises súbitas de ansiedade.

– Ansiedade: sentimentos de preocupação ou medo, que são fortes o bastante para interferir nas atividades diárias.

- Esses problemas psicológicos e emocionais podem atrapalhar a recuperação do paciente, pois afetam as tarefas do dia a dia, a autoestima e o convívio com outras pessoas. Sendo assim, é de extrema importância o acompanhamento médico e apoio dos familiares.
 


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