16/11/2022 às 14h00min - Atualizada em 16/11/2022 às 14h00min

Hospital no Pará alerta para os problemas causados pela diabetes gestacional

Foram 214 mil mortes entre pessoas da faixa etária de 20 a 79 anos em 2021

Com edição da Redação Belem.com.br
Agência Pará
Os filhos de mães com diabetes gestacional podem apresentar complicações quando ainda estão dentro do útero ou após o nascimento. (Foto: Divulgação)

                                                                                                                                                                                          
A Federação Internacional de Diabetes (FID) alerta para o aumento de 16% na incidência desta comorbidade na população mundial entre os anos de 2019 a 2021. E nesta última segunda-feira (14), foi celebrado o dia de conscientização global contra uma das doenças mais conhecidas no Brasil e, por isso,


O Hospital Geral de Tailândia (HGT), localizado no nordeste paraense, em parceria com o Grupo de Trabalho de Humanização (GTH), começou a promover por toda esta semana mais uma ação de educação em saúde pelo dia de conscientização global contra uma das doenças mais conhecidas no Brasil, a diabetes, com atenção especial a diabetes gestacional.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), foram 214 mil mortes entre pessoas da faixa etária de 20 a 79 anos em 2021. Dados da Federação Internacional de Diabetes (FID) revelam que o número de indivíduos com a doença aumentou em 74 milhões, totalizando 537 milhões de adultos no mundo no ano passado. No Brasil, uma estimativa recente do MS soma 16,8 milhões de pessoas com a doença, cerca de 7% da população brasileira.

Para pensar em ações frente ao quadro alarmante e elucidar mais o tema, o GTH trabalhou a ação a Diabetes Mellitus (cientificamente conhecida) informando aos usuários que é uma doença dividida em vários tipos (Tipo 1, tipo 2 e gestacional entre eles) sendo causada pela falta ou má absorção de insulina, hormônio que promove o aproveitamento da glicose como energia para o nosso corpo, sendo produzido pelo pâncreas a fim de que seja aproveitada por todas as células. A ausência total ou parcial desse hormônio interfere não somente na queima do açúcar como na sua transformação em outras substâncias como proteínas, músculos e gordura.

Complementando o evento, a nutricionista Clínica, Katrinne Mayanne e o Serviço de Nutrição Dietética (SND) preparam um cardápio lúdico e bem informativo entregando aos participantes dicas de uma alimentação balanceada para a prevenção; e quem já possui quadro clínico de Diabetes, recebeu uma outra cartilha para a manutenção da saúde sem agravar o índice da comorbidade no organismo. Ainda, produziram e entregaram para cada participante internado uma fatia de um bolo feito com aveia e banana, nutrientes que fazem bem ao organismo sem desregularizar a saúde.

“A reeducação alimentar e a prática regular de atividades físicas são, portanto, dois importantes pilares na prevenção a Diabetes. No cardápio, o ideal é ter refeições ricas em verduras, legumes e frutas. E com moderação no consumo de carboidratos”, explicou.

Em contrapartida, a profissional alerta para “evitar o consumo de gorduras ‘ruins’, principalmente, a saturada e trans, ainda tendo o controle da quantidade de açúcar”.

A nutricionista segue pontuando que mesmo os alimentos naturais precisam de atenção no consumo, como por exemplo, as frutas com elevado índice glicêmico: “Laranja, mamão, melão, melancia, banana e ameixa preta; podemos comer, mas com moderação. Preferir alimentos integrais como os cereais (aveia, chia, linhaça, arroz integral) e vegetais (couve, brócolis, abóbora)”, finaliza.

Uma das participantes da ação, Odete Lopes, de 58 anos, possui quadro clínico da doença e revela que a luta é grande com a alimentação.

“É difícil manter uma alimentação balanceada por vários aspectos, entre eles, financeiramente. Eu não tenho condições de comprar tudo que precisa e os preços dos alimentos estão caros. Adorei essa ação do GTH para conscientizar os mais novos a não adquiri-la; cuidar mais da saúde. Dizer a eles que essa doença é severa e destruidora. Já tem alguns anos que luto contra ela. O pior de tudo é que não tem cura. Adquirir a Diabetes sem ninguém tratar comigo dos seus malefícios, por isso foi mais rápido adquirir, infelizmente”, finalizou a moradora de Tailândia.

Diabete gestacional

Sendo referência em Maternidade na região nordeste paraense, o HGT fortalece a cultura de prevenção a comorbidades frente à saúde das usuárias gestantes, atitude que é sempre o melhor caminho para garantir a qualidade de vida. Em 2022, de janeiro até a metade deste mês de novembro, a unidade hospitalar já conduziu cerca de 1.500 partos.

Muito comum durante a gravidez, a diabete gestacional, segundo o obstetra Domingos Costa, “ocorre por conta de o feto extrair continuamente glicose da mãe, mesmo quando ela está em jejum. Conforme o feto vai desenvolvendo, maior é a sua necessidade de glicose”.

A partir do segundo trimestre de gravidez, como o bebê começa a ficar grande, a mãe precisa de mecanismos protetores contra hipoglicemia, pois o consumo de glicose pelo feto torna-se intenso.

“Esta proteção surge através dos hormônios produzidos naturalmente pela placenta, como estrogênios, progesterona e somatomamotropina coriônica, que agem diminuindo o poder de ação da insulina, fazendo com que mais glicose fique disponível na corrente sanguínea. O efeito anti-insulínico destes hormônios é tão forte, que no final da gravidez, o pâncreas da mãe precisa produzir até 50% mais insulina para evitar que ela fique com hiperglicemia, ou seja, com os níveis elevados de glicose no sangue”. O obstetra explica que a Diabete Gestacional “surge exatamente nas gestantes que não conseguem aumentar a ação da sua insulina para compensar os efeitos hiperglicemiantes dos hormônios da gravidez”.

A doença costuma surgir a partir da metade do segundo trimestre, em geral, somente após a 20ª semana de gestação. A situação é mais frequente em mulheres acima dos 35 anos, que possuem sobrepeso ou obesidade.

A diabetes gestacional raramente causa sintomas. Segundo o obstetra, é preciso fazer exames periódicos durante toda a gravidez, principalmente, entre as semanas 24 e 28. “Em alguns casos, a doença pode causar sede exagerada por água; o aumento da fome; ganho de peso e Infecções urinárias frequentes; além de visão turva”.

No entanto, a própria gravidez pode causar essas sensações na maioria das mulheres, portanto, nem sempre elas podem indicar diabetes gestacional. “Por isso, o médico deve ser procurado e solicitar exames para avaliar a glicose no sangue pelo menos três vezes durante a gestação”.

O médico ainda saliente que nem sempre a mulher que adquiriu a doença durante a gravidez deve seguir com a comorbidade para o resto da vida. “Após o parto, a partir do sexto mês de vida do bebê, é necessário mãe e a criança (ela pode nascer com diabetes) realizarem o exame de sangue para monitorar o nível de glicose no organismo. Após, todos os anos ambos devem manter o rastreio”, avisa o profissional.

Riscos

Os filhos de mães com diabetes gestacional podem apresentar complicações quando ainda estão dentro do útero ou após o nascimento. Além do aumento nos níveis de insulina no corpo da genitora, é possível que o mesmo aconteça com o feto, que passa a receber muita glicose por meio da placenta, o chamado hiperinsulinismo. “O pâncreas do bebê acaba assim sobrecarregado. Apesar de todo seu esforço, não consegue liberar hormônio suficiente para transformar glicose em energia”, pontua o obstetra.

As sobras de açúcar então viram gordura e a criança passa a ganhar peso além da conta. Isso porque a insulina é uma substância anabólica; promove o crescimento e hipertrofia. Seu excesso promove crescimento exagerado do corpo e dos órgãos, aumento da gordura corporal e da distância entre os ombros do feto. São casos de bebês macrossômicos (quando a criança nasce pesando 4 kg ou mais), o que pode dificultar o parto.

“O quadro aumenta também o risco de queda dos níveis de açúcar na circulação do bebê ao nascer, a chamada hipoglicemia do recém-nascido. Isso pode ser explicado porque, durante a gestação, o feto permanece em um ambiente com taxas elevadas de açúcar”.

O médico diz que o pâncreas produz então muita insulina. Logo após o parto, quando deixa de receber açúcar da mãe e seus níveis de insulina ainda continuam altos, ocorre uma queda brusca na glicose. A hipoglicemia no bebê é muito grave podendo levar a complicações.

Fetos de mães com diabetes na gestação têm ainda maior propensão a nascerem antes do tempo. “Os bebês prematuros apresentam maior probabilidade de problemas no sistema cardiovascular e respiratório, logo após o nascimento. Ainda, tem maior risco de desenvolvimento de pressão alta, obesidade, diabetes tipo 2 e doenças do coração na vida adulta”, finaliza Domingos Costa.


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