18/08/2020 às 12h29min - Atualizada em 19/08/2020 às 18h01min

O Reconhecimento - Pais artistas e o legado no mundo criativo

Filhos seguindo os passos dos pais em todas as artes

Fernando Matos

Fernando Matos

Fernando Matos é ator, autor, diretor teatral e professor. Sua paixão por teatro surgiu desde a infância.

Fernando Matos
Frases populares, como - “tal pai, tal filho”, “filho de peixe, peixinho é” e “seguindo os passos do pai”, fazem parte do nosso vocabulário e expressam uma ideia muito presente no imaginário coletivo: a de que alguns filhos crescem admirando o ofício de figuras paternas e decidem seguir o mesmo caminho.

No mundo da arte existem exemplos de pais que criaram verdadeiros legados que são levados adiante pelas novas gerações com o trabalho dos filhos e netos.

Um dos maiores pensadores do século 20, Jean Piaget, explica que “a identidade humana e seus valores morais são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes sociais”.

Pensando desta forma, podemos concluir que todo o convívio que cerca diariamente o crescimento de uma criança está diretamente ligado à construção de valores, princípios e preferências.

Além da genética e aptidão para áreas específicas, não raramente encontramos médicos, professores, engenheiros, dentistas, advogados ou atletas como, além de pais, referência de carreira para os filhos. Os profissionais dentro de casa (seja pai, mãe ou outro responsável), são um dos primeiros contatos que a criança tem com o trabalho. Contudo, algumas pessoas nascem com uma predisposição para determinadas profissões e isso é facilmente reparado pelas pessoas à sua volta. Nesse caso o papel dos pais pode ser incentivar, mas não impor uma escolha.

Filho de peixe…

Mas será que realmente o “fruto não cai longe do pé”?

Nem todos os filhos seguem os passos dos pais, mas podemos lembrar de personalidades que fazem jus ao jargão “filho de peixe, peixinho é”.

É o caso de Elis Regina e Maria Rita. Considerada por muitos críticos como a melhor cantora do Brasil entre as décadas de 60 e inícios dos anos 80, Elis teve uma morte precoce e súbita, com overdose por cocaína aos 36 anos de idade. Nesta época, Maria Rita tinha apenas 4 anos e provavelmente não guardava muitas recordações do cotidiano com a mãe. Mas nesse caso foi a genética que falou mais alto! Com o mesmo carisma de Elis e voz incrivelmente qualificada e admirável Maria Rita se consagra como ícone da música brasileira.

Quem estuda balé já deve ter ouvido falar sobre “a primeira bailarina a dançar "na ponta". Marie Taglioni nasceu em 1804 em Estocolmo, filha do bailarino e coreógrafo italiano Filippo Taglioni e da bailarina sueca Sophie Karsten. Desde muito cedo Taglioni foi incentivada e treinada por seus pais, o que resultou em uma dança refinada na técnica e marcante pelo estilo flutuante dos passos.

Nas artes cênicas também?

No teatro ou televisão também não costuma ser muito diferente. A influência natural de pais para filhos é prestigiada nos palcos e telinhas do nosso país. Podemos lembrar de Lúcio Mauro e Lúcio Mauro Filho, Lima Duarte e sua filha Débora Duarte, Dennis Carvalho e Christiane Torloni com o filho também ator Leonardo Carvalho, Glória Pires e Cléo Pires, Regina Duarte e Gabriela Duarte, o casal Fernanda Montenegro e Fernando Torres com a filha Fernanda Torres… e muitos outros por esse imenso Brasil.

No Pará o profissional das artes cênicas ainda são pouco valorizados e isso desestimula os artistas que acabam por mudar a ideia de que seus filhos possam seguir os seus passos dada as dificuldades que enfrentam em seu cotidiano.

Propomos refletir possíveis relações entre consumo cultural e o reconhecimento do trabalho artístico. Defendemos que os trabalhos dos artistas paraenses não passem incólumes ao processo de homogeneização social, em que a arte está inserida na mesma lógica dos demais objetos e é apropriada enquanto bem de consumo. A obra e o fazer artístico guardam, contudo, especificidades que fazem sua inserção na sociedade do consumo produzir consequências nocivas ao artista como trabalhador. Advertimos que o não reconhecimento é nocivo para a subjetividade do trabalhador e a constituição da sua identidade, e influência de modo significativo na vivência de sofrimento no trabalho.
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